Bento XVI anuncia que renunciará em 28 de fevereiro

Agências Folhapress e AFP
11/02/2013 às 09:28.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:54
 (Vencenzo Pinto)

(Vencenzo Pinto)

  CIDADE DO VATICANO - O Papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira que renunciará ao papado em 28 de fevereiro por "falta de forças", em um discurso pronunciado em latim no Vaticano diante de vários cardeais e que surpreendeu o mundo.   "O Papa anunciou que renunciará a seu ministério às 20 horas (16 horas de Brasília) de 28 de fevereiro. Começará assim um período de 'sede vacante'", informou o padre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé.   A notícia tem poucos precedentes na história recente da Igreja Católica.   "Os convoquei a este Consistório não apenas para as três causas de canonização, mas também para comunicá-los uma decisão de grande importância para a vida da Igreja", anunciou o Papa em latim.    "Depois de ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino" admitiu.   "Sou muito consciente de que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser executado não apenas com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando", completou.   "No mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para governar a barca de são Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que hei de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado", confessou Bento XVI.   O único pontífice a renunciar na história havia sido o monge Celestino V, em 1294, século XIII. Antes de ser designado Papa ele havia vivido como um ermitão e não se sentia preparado para assumir o comando da Igreja.   Bento XVI, de 85 anos, que nos últimos meses havia sido visto mais magro, sofre há vários anos de problemas cardíacos, razão pela qual não pode viajar para cidades particularmente altas e havia reduzido a agenda de trabalho e compromissos públicos.   A renúncia inesperada do Papa, que reinou oito anos e sucedeu o carismático João Paulo II, gerou reações em todo o mundo e inclusive dentro da Igreja.   Tem sido "um trono em um céu sereno", afirmou o cardeal veterano Angelo Sodano, por anos o número dois da Santa Sé.   O porta-voz do Vaticano reconheceu que a renúncia pegou todos de surpresa.   Lombardi, em uma entrevista coletiva, falou sobre os próximos passos da Igreja.   "Para a Semana Santa (de 24 de março a 1 de abril) teremos um novo Papa", disse, depois de explicar que Bento XVI não participará do Conclave para a eleição do novo pontífice.   Segundo o porta-voz, o Conclave nos 15 ou 20 dias posteriores a sua renúncia.   Bento XVI, que em um livro entrevistas publicado em 2010 havia reconhecido que renunciaria em caso de incapacidade física ou mental, deve seguir em um primeiro momento para a residência de verão de Castel Gandolfo, nas proximidades de Roma, para depois se mudar a um mosteiro dentro dos muros da Cidade do Vaticano.   A Alemanha, seu país de nascimento, expressou "respeito e gratidão" ao Papa após o anúncio da renúncia.   "O governo alemão tem o maior respeito pelo Santo Padre (...) e merece nossa gratidão por ter conduzido a Igreja como o fez há 8 anos", afirmou o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.   A chefe de Governo, Angela Merkel, falará a respeito da renúncia ainda nesta segunda-feira.   O Papa Joseph Ratzinger, seu nome civil, nasceu em 16 de abril de 1927 em Marktl am Inn, na região da Baviera, no sul da Alemanha.   O presidente francês François Hollande citou uma decisão "respeitável".   O anúncio "foi meditado e tomado com total liberdade. Não se requer que ninguém aceite a renúncia", destacou Lombardi, em um encontro com a imprensa no Vaticano.

Atualizado às 11h03

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