Brasileiro defende sua candidatura à direção da OMC

Jonathan Fowler - AFP
29/04/2013 às 17:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:16
 (Marcello Casal Jr/Abr.)

(Marcello Casal Jr/Abr.)

GENEBRA - Um dos dois candidatos na corrida pela direção da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, acredita ser a melhor opção para dar um novo ar a esta organização encarregada de regular o comércio internacional e sua aplicação, e defende a sua candidatura.

Em entrevista à AFP, antes do início da última rodada da disputa na qual compete com o mexicano Herminio Blanco na quarta-feira, Roberto Azevêdo explicou que as negociações sobre o comércio internacional estagnaram e defendeu suas ideias para promover seu avanço.

"O sistema comercial multilateral está enfraquecido por uma paralisia completa das negociações", declarou Azevedo, que é o embaixador do Brasil na OMC desde 2008, e que espera ser nomeado o próximo diretor-geral da organização em 7 de maio.

"A coisa mais importante a ter em mente é que não se trata apenas de negociações, mas de todo o sistema", explicou.

"Trata-se de tornar o sistema compatível com o mundo de hoje, e a única maneira de chegar lá é incentivar o comércio e a liberalização do comércio como componente essencial das políticas de desenvolvimento", acrescentou Azevedo.

"Só poderemos chegar lá se desbloquearmos o sistema", insistiu.

Criada em 1995, a OMC tem como objetivo a abertura dos mercados comerciais e remover barreiras, tais como os subsídios, tarifas aduaneiras e outras políticas consideradas excessivas, a fim de dar um novo impulso à economia global.

O objetivo declarado da Rodada de Doha, que foi criada em uma cúpula no Qatar em 2001, é o de desenvolver o comércio para beneficiar os países mais pobres.

Mas os 159 países-membros da OMC têm falhado repetidamente em suas tentativas de chegar a um acordo.

As principais divergências referem-se a China, União Europeia, Índia e Estados Unidos, e agora existem temores de que a próxima cúpula da OMC, em dezembro de 2013, seja um novo fracasso.

"Nós começamos em Doha a vender a ideia de que a rodada era uma coisa boa para nós e que um monte de coisas se concretizariam", disse Azevedo.

"No entanto, o objetivo se revelou impossível (...), o que eu sugiro é uma modulação de nossas ambições, avançar o máximo possível", e ignorar os assuntos mais difíceis e delicados, considerou.

O mexicano Blanco é o outro finalista na corrida para suceder o francês Pascal Lamy, ex-comissário europeu que foi nomeado por duas vezes, em 2005 e 2009, diretor-geral da OMC.

Herminio Blanco, um economista de 62 anos, foi o negociador para o México do Acordo de Livre Comércio da América do Norte, e dirige uma empresa de consultoria em comércio internacional. Ele também foi ministro do Comércio por mais de dez anos.

Azevêdo, de 55 anos, defende que sua trajetória diplomática dedicada ao comércio em Brasília e em Genebra teve importância crucial.

"Em termos de negociações, precisamos de um diretor-geral capaz de arregaçar as mangas, sentar-se com os Estados membros, e conversar com eles em pé de igualdade", defendeu.

"Para isso, é necessário conhecer o sistema, e é isso, na minha opinião, que mais distingue a minha candidatura da do Sr. Blanco", afirmou.

O diretor-geral da OMC não é realmente eleito, mas nomeado por consenso.

Os candidatos eliminados na primeira rodada representavam Quênia, Gana, Jordânia e Costa Rica. Na segunda rodada, outros três candidatos foram eliminados: os de Indonésia, Coreia do Sul e Nova Zelândia.

Antes de se tornar embaixador, Azevêdo foi o negociador-chefe para o Brasil em disputas comerciais do país.

"Se eu for eleito, não vou defender os interesses brasileiros", ressaltou.

No entanto, ele reconheceu que um diretor-geral de um país em desenvolvimento seria de grande valor simbólico.

À exceção de um tailandês, em 2002-2005, os diretores-gerais da OMC foram todos europeus.

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