Chanceleres dos EUA e Brasil se reúnem para discutir espionagem

AFP
27/09/2013 às 17:56.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:50

NOVA YORK - O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, reuniu-se nesta sexta-feira (27) com o secretário de Estado americano, John Kerry, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, em um encontro solicitado pelos Estados Unidos para aplacar a grave crise desencadeada pelo escândalo de espionagem.   "Foi uma reunião excelente e muito importante para nós", afirmou a subsecretária de Estado americana para a América Latina, Roberta Jacobson, que participou do encontro. "Foi muito produtiva, demonstrando de novo a amplitude da nossa agenda com o Brasil e nosso desejo de trabalhar amplamente nesse processo, garantindo que avancemos na substância da relação", acrescentou.   O encontro aconteceu em um momento delicado das relações bilaterais, depois que a presidente Dilma Rousseff decidiu suspender a visita de Estado a Washington prevista para 23 de outubro em consequência da espionagem americana de que foi alvo.   Os chanceleres apertaram as mãos e cumprimentaram sorridentes ante as câmeras, pouco antes do início do encontro em uma sala do hotel nova-iorquino Waldorf Astoria, perto da sede das Nações Unidas em Manhattan.   Os diplomatas, rodeados por uma bandeira brasileira e por outra americana, não fizeram declarações à imprensa ao fim do encontro. A reunião, de cerca de 20 minutos de duração, foi solicitada pelos Estados Unidos e tratou da agenda bilateral, incluindo a questão da espionagem, confirmaram fontes diplomáticas americanas.   Mas a secretária americana Jacobson garantiu que Figueiredo e Kerry "avançaram" na agenda bilateral em temas como promoção empresarial. Também conversaram sobre o conflito na Síria, no âmbito da votação no Conselho de Segurança da ONU de uma resolução negociada entre EUA e Rússia.   Ruptura do Direito Internacional    Na terça-feira (24), Dilma pronunciou na abertura da Assembleia Geral da ONU um duro discurso para denunciar a espionagem da administração do presidente Barack Obama, dizendo que feria o Direito Internacional. "Imiscuir-se dessa forma na vida de outros países fere o Direito Internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre eles, sobretudo, entre nações amigas", disse Dilma, referindo-se às recentes revelações vazadas pelo ex-consultor da inteligência Edward Snowden.   Documentos entregues por Snowden e publicados na imprensa indicam que a Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) espionou comunicações de Dilma, de seus assessores, assim como da Petrobras.   Obama, que falou com Dilma na abertura do encontro anual de líderes mundiais na ONU, não pediu desculpas pelo tema, como o Brasil exige, e limitou-se a fazer uma menção muito geral. De acordo com Obama, os EUA estão revendo o modo pelo qual a informação de inteligência é obtida para alcançar um equilíbrio correto entre suas necessidades e as preocupações de seus cidadãos e aliados.   Dilma não aceitou o argumento americano de que essa prática busca proteger o mundo de ataques terroristas e a classificou de "insustentável", anunciando que o Brasil buscará "estabelecer um marco civil multilateral para a governança e a utilização da Internet".   Nesta sexta, não foi divulgado se houve um pedido de desculpas formal por parte do governo americano. Jacobson insistiu que antes e depois do discurso de Rousseff, Obama disse que "lamenta muito" o que aconteceu e que "entende as preocupações" expressas pelos países parceiros, como o Brasil.   Como informou a Agência Brasil, o governo Dilma espera contar, até o final do ano, com um serviço de e-mail próprio, seguro e gratuito para os brasileiros.

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