Choques com polícia deixam dois manifestantes mortos no Egito

AFP
09/03/2013 às 19:53.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:44
 (AFP)

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Dois manifestantes morreram neste sábado no Cairo em confrontos com a polícia, após a decisão judicial pela morte no ano passado de 74 pessoas depois de uma partida de futebol, em uma tragédia que deixou o ambiente no país ainda mais tenso.

Um tribunal de Port Said, transferido para o Cairo por razões de segurança, absolveu 28 dos acusados e condenou 24 à prisão, sendo que cinco ficarão atrás das grades pelo resto da vida.

O tribunal também confirmou as penas de morte pronunciadas em janeiro contra 21 pessoas julgadas neste caso que envolve 73 acusados.

A polícia é criticada por sua passividade na tragédia e muitos egípcios acreditam que partidários do presidente deposto Hosni Mubarak instigaram as torcidas rivais para intensificar a tensão no país.

Entre as outras 52 pessoas julgadas neste sábado, cinco foram condenadas à prisão perpétua, dez receberam penas de 15 anos de prisão, nove tiveram entre um e 10 anos de prisão e 28 foram absolvidas.

Dos nove policiais acusados, dois foram condenados a 15 anos de prisão. Trata-se do general Isam Samak, ex-chefe de segurança em Port Said, e do general de brigada Mohamed Saad, que no momento dos fatos tinha as chaves dos portões do estádio, que estavam fechados. Os outros sete policiais foram absolvidos.

Em fevereiro de 2012, os distúrbios ocorridos depois de um jogo de futebol disputado em Port Said (nordeste do Egito) entre a equipe local do Al-Masry e uma equipe do Cairo, o Al-Ahly, deixaram 74 mortos.

Esse incidente, o mais violento do futebol egípcio, ocorreu depois da vitória do Al-Masry quando centenas de seus torcedores invadiram o gramado e atacaram os torcedores do Al-Ahly.

No Cairo, torcedores do Al-Ahly, que denunciavam penas brandas demais, assim como a absolvição de vários policiais, incendiaram a sede da Federação Egípcia de Futebol e parte de um clube da Polícia depois do anúncio do veredicto.

"A princípio, quando ouvimos as 21 condenações à morte, estávamos satisfeitos. Estávamos festejando e não ouvimos o resto do veredicto", declarou à AFP um torcedor do Al-Ahly, clube considerado importante na mobilização popular que causou a queda do regime de Mubarak.

"Depois, ficamos furiosos", acrescentou o torcedor.

Os enfrentamentos, registrados de forma esporádica entre grupos de jovens e policiais no Cairo, perto da Praça Tahrir há várias semanas, foram retomados na tarde deste sábado depois da decisão judicial, causando a morte de dois manifestantes, segundo o Ministério da Saúde.

A televisão estatal exibiu imagens de manifestantes sendo retirados em ambulâncias.

O ambiente também era tenso em Port Said, cidade de origem da maioria dos acusados e onde a primeira sentença, lançada em janeiro, provocou confrontos durante as últimas semanas.

Depois do veredicto de janeiro, os manifestantes atacaram os prédios das forças de segurança em Port Said e os choques com a polícia deixaram mais de 40 mortos, o que levou o presidente islamita Mohamed Mursi a mobilizar o Exército para apoiar a polícia.

No dia 3 de março as manifestações foram retomadas em Port Said depois do anúncio da transferência de 39 dos acusados, entre os quais estavam nove policiais e três dirigentes do Al-Masry.

Neste contexto, o chefe da polícia antidistúrbios do Egito foi destituído na sexta-feira após uma greve sem precedentes dos policiais, que denunciam a falta de recursos e consideram que pagam o preço pelos conflitos políticos.

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