Filha do rei da Espanha é indiciada em caso de corrupção envolvendo marido

AFP
03/04/2013 às 16:13.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:30

MADRI - A infanta Cristina, filha mais nova do rei Juan Carlos da Espanha, foi intimada a dar explicações à Justiça no caso de corrupção que envolve o seu marido, o ex-jogador de handebol Iñaki Urdangarin, em mais um capítulo deste escândalo que tem manchado a imagem da monarquia e do rei.

A infanta, de 47 anos, é o primeiro membro da família real a ser apontada neste caso. Ela vai depor em 27 de abril diante do juiz de instrução José Carlos por possível cooperação com o seu marido, suspeito de ter desviado milhões de euros de dinheiro público através do Instituto Nóos, uma entidade que presidiu entre 2004 e 2006.

Logo depois do anúncio da intimação de Cristina, a Casa Real espanhola manifestou "sua surpresa" com a decisão.

"Com o máximo respeito pelas decisões judiciais", a Casa Real "quer manifestar sua surpresa com a mudança de posição expressado pelo juiz", que em março de 2012 havia descartado acusar a infanta, declarou um porta-voz.

A decisão da justiça foi anunciada no momento em que a monarquia espanhola atravessa uma crise sem precedentes desde a chegada ao trono do rei Juan Carlos, dois dias após a morte do ditador Francisco Franco em 20 de novembro de 1975.

Aos problemas de saúde do rei, de 75 anos, somou-se um escândalo de caça em Botsuana em 2012, quando o soberano precisou pedir desculpas ao país. Mergulhados em uma crise econômica, os espanhóis parecem não ter perdoado esse passo em falso.

Até então, Cristina não era investigada no processo iniciado no final de 2011 pelo juiz Castro, do tribunal de Palma de Mallorca, que aponta Urdangarin como o principal envolvido no caso de corrupção.

Durante a investigação, Urdangarin procurou proteger a família real e sua esposa, afirmando que ninguém tinha conhecimento de suas atividades ilícitas.

Mas o escândalo, que continua a crescer mês após mês, está se aproximando perigosamente do rei, de seu círculo familiar e da princesa.

Carlos Garcia Revenga, secretário e homem de confiança de Cristina e de sua irmã Elena, foi convocado a depor em 23 de fevereiro pelo magistrado do caso.

Além disso, o nome da infanta foi citado pela imprensa em meio à revelações divulgadas pelo ex-sócio de Urdangarin, Diego Torres.

Também acusado na investigação sobre o desvio de vários milhões de euros de fundos públicos por meio do Instituto Nóos, uma sociedade filantrópica presidida por Urdangarin entre 2004 e 2006, Torres tenta provar que a filha do rei sabia das atividades ilegais de seu marido, porque ela fazia parte do conselho de administração da Nóos.

Em sua decisão divulgada nesta quarta, o juiz Castro mencionou evidências sugerindo que a infanta "consentiu que sua ligação parental com o rei Juan Carlos fosse utilizada por seu marido".

Para o magistrado, não convocar Cristina "poderia desacreditar a máxima, segundo a qual a justiça é a mesma para todos nós".

O caso, que abalou a popularidade da realeza, atinge diretamente a princesa, diplomada em Ciência Política, conhecida por suas atividades sociais e humanitárias e diretora do departamento de previdência social da Fundação La Caixa, em Barcelona.

Loira e sorridente, sétima na linha de sucessão ao trono da Espanha, Cristina é considerada a filha "rebelde" da família, ressalta Emilio de Diego, professor de História Contemporânea na Universidade Complutense de Madri.

Nascida em 13 de junho de 1965 em Madri e apaixonada por esportes, especialmente a vela, Cristina conheceu Urdangarin nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, onde conquistou a medalha de bronze com a equipe espanhola de handebol.

O casal se casou em 4 de outubro de 1997 na Catedral de Santa Eulália de Barcelona.

"Ela gosta de homens musculosos, atléticos, altos e sensuais", assegurou o escritor Andrew Morton, biógrafo de Lady Di, que acaba de publicar o livro "Ladies of Spain. Sofía, Elena, Cristina e Letizia: Entre o dever e o amor", sobre a rainha Sofía, suas duas filhas e a princesa Letizia, esposa do príncipe herdeiro Felipe.

"É extremamente competitiva e teimosa", acrescentou Morton, que não hesitou em dizer que foi Cristina que havia tomado a iniciativa de conquistar Urdangarin.

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