França indignada com assassinato de jovem de esquerda por skinheads

AFP
06/06/2013 às 16:10.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:54

PARIS - A agressão a um jovem militante esquerdista, que morreu nesta quinta-feira, depois de uma briga na véspera em Paris entre um grupo de extrema esquerda e outro de skinheads provocou indignação no mundo político francês.

Uma fonte policial confirmou à AFP a morte de Clément Méric, de 18 anos.

O presidente francês, François Hollande, "condenou" com veemência a agressão sofrida por Méric, um estudante do Instituto de Ciências Políticas de Paris.

O líder da formação direitista UMP, Jean-François Copé, falou de uma "agressão bárbara". O Partido Comunista e a Frente de Esquerda também se manifestaram, com a segunda chamando a agressão de "homicídio político". O Senado francês classificou o crime de forma unânime de "assassinato abominável".

Paralelamente, se multiplicavam os apelos dos partidos de esquerda e de associações de combate ao racismo pela proibição dos grupos autores de violência política.

O jovem foi violentamente agredido na véspera durante uma briga entre militantes de extrema esquerda e de extrema direita em um bairro comercial de Paris.

A agressão ocorreu por volta das 16h00 GMT (13h00 de Brasília), diante de várias testemunhas, em uma movimentada rua de pedestres.

"De repente, deram um soco e o jovem foi lançado contra um poste. Os homens tinham as cabeças raspadas, vestiam jaquetas de couro e tinham tatuagens no pescoço", contou à AFP uma testemunha. No local, ainda era possível ver uma mancha de sangue.

Quatro pessoas, entre elas o provável autor da agressão, foram detidas nesta quinta, de acordo com a Polícia, que indicou que alguns dos supostos agressores são ligados "ao núcleo das Juventudes Nacionalistas Revolucionárias", um grupo de ultradireira.

O Partido de Esquerda, ao qual Clément Meric era ligado, já tinha acusado pela agressão as Juventudes Nacionalistas Revolucionárias, grupo liderado por Serge Ayoub, um skinhead de 48 anos chamado de "Batskin" em referência aos bastões de beisebol utilizados como arma por vários de seus integrantes.

Ayoub negou o envolvimento de seu grupo na briga.

Nos últimos meses, membros desse grupo e de outras organizações extremistas estiveram envolvidos em atos de violência que se intensificaram em relação às manifestações contra a lei do casamento homossexual recentemente adotada na França.

"Já há algum tempo temos agressões intoleráveis e um clima intolerável, e isto tem que acabar", declarou o ministro da Educação, Vincent Peillon.

O ministro do Interior, Manuel Valls, afirmou que "não se pode generalizar", mas considerou que "às vezes há discursos que favorecem a violência".

Já a líder do partido de extrema direita Frente Nacional, Marine Le Pen, afirmou que sua formação "não tem relação alguma" com "esses atos inadmissíveis e insuportáveis".

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