Opositores bloqueiam acessos à sede do governo em Kiev e iniciam greve geral

Dmytro Gorshkov - AFP
02/12/2013 às 16:26.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:31

KIEV - Opositores ucranianos, incluindo muitos que passaram a noite no centro de Kiev após uma grande manifestação no domingo (1º), iniciaram nesta segunda-feira (2) uma greve geral para tentar forçar a renúncia do governo.

Os manifestantes denunciam uma guinada do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, que na sexta-feira passada não quis assinar um acordo de associação com a União Europeia (UE) que estava sendo negociado há meses. Eles o acusam de deixar o país nas mãos da Rússia.

"Está começando uma revolução na Ucrânia", afirmou o líder opositor Oleg Tiagnibok.

"Estamos iniciando uma greve nacional", completou.

Mais de dois mil manifestantes opositores bloqueavam nesta segunda-feira os acessos à sede do governo da Ucrânia, no centro de Kiev, seguindo uma convocação feita no domingo.

Os manifestantes caminharam até a sede do governo a partir da praça da Independência, situada a poucos metros, onde milhares de pessoas passaram a noite após uma manifestação no domingo que reuniu pelo menos cem mil pessoas.

Todas as ruas ao redor da sede do governo também estão bloqueadas por motoristas simpatizantes da oposição.

Os líderes da oposição convocaram no domingo a ocupação do bairro governamental até a renúncia de Yanukovich

No domingo, o primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, anunciou que Yanukovich viajará para a Rússia nos próximos meses, apesar do presidente ter reafirmado a vontade aproximação da UE.

"Farei todo o possível para acelerar o processo de aproximação da Ucrânia com a União Europeia para evitar perdas importantes para nossa economia e a deterioração de nosso nível de vida", destacou em um comunicado.

Quase 100 policiais ficaram feridos nos protestos de Kiev, informou a porta-voz policial Olga Bilik.

As forças de segurança usaram bombas de efeito moral contra manifestantes encapuzados diante da sede da presidência, depois que os opositores jogaram pedras e, segundo a imprensa local, coquetéis molotov.

Dois fotógrafos da AFP e um cinegrafista local que trabalha para o canal Euronews ficaram levemente feridos.

Depois de partir de uma área próxima a um monumento em homenagem a Taras Shevchenko, poeta e herói nacional, os manifestantes retiraram as barreiras de segurança metálicas instaladas pela polícia e seguiram para a Praça da Independência, o local emblemático da "revolução laranja" de 2004, de onde haviam sido expulsos com violência no sábado.

A oposição acusa o presidente de afastamento da UE e de ter adotado uma linha política dura.

Apesar do clima tenso, o líder do partido opositor Udar e campeão de boxe Vitali Klitschko manteve a convocação para esta segunda-feira.

Em uma carta lida no sábado por sua filha Evguenia, a opositora detida e ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, que cumpre pena de sete anos de prisão e tem a liberdade exigida pela UE, pediu a queda do governo por "meios pacíficos".

A União Europeia pediu "moderação" às autoridades ucranianas e à oposição.

"Pedimos a todas as partes que resolvam as divergências de maneira pacífica", declarou Maja Kocijancic, porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

"As manifestações devem acontecer de maneira pacífica", completou, antes de ressaltar que "as duas partes devem demonstrar moderação".

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