Procuradoria de Milão pede seis anos de prisão para Berlusconi

AFP
13/05/2013 às 13:12.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:38

ROMA - A procuradoria de Milão pediu nesta segunda-feira (13) uma condenação a seis anos de prisão para o ex-primeiro-ministro italiano e magnata das comunicações Silvio Berlusconi, assim como a inabilitação por toda a vida para qualquer cargo público, no julgamento por prostituição de menor e abuso de poder, conhecido como caso Ruby.

"Pedimos uma pena de cinco anos por abuso de poder, aumentada a seis anos pela outra acusação", afirmou a procuradora Ilda Bocassini durante a audiência.


Esquema de prostituição

"Um sistema de prostituição criado para satisfazer Berlusconi", o Ministério Público italiano detalhou nesta segunda as acusações contra o Cavaliere, julgado em Milão por ter remunerado a marroquina, então menor de idade, Ruby, em troca de serviços sexuais e de ter feito lobby por sua libertação após um roubo.

"As jovens mulheres convidadas para a residência particular do então chefe do governo faziam parte de um sistema de prostituição criado para a satisfação sexual pessoal do acusado Silvio Berlusconi", declarou a promotora Ilda Boccassini ao ler a ata de acusação, neste caso transmitido ao vivo pelo canal Sky TG24.

Berlusconi é julgado desde abril de 2011 por ter depositado dinheiro, entre janeiro e maio de 2010, por uma dúzia de serviços sexuais a Karima El Mahroug, também conhecida como "Ruby a ladra de corações", menor de idade na época, e por ter pressionado a polícia de Milão para libertá-la depois de sua prisão por roubo.

A audiência desta segunda-feira é uma das últimas neste processo sobre as festas promovidas por Berlusconi, chamadas "bunga bunga".

O magnata denuncia os juízes "politizados", enquanto Ruby assegura nunca ter tido relações sexuais com o acusado.

No domingo (12), um dos seus canais de televisão, o Canale 5, exibiu uma longa reportagem especial intitulada "A Guerra dos 20 anos: Ruby, último ato", onde Berlusconi e a jovem falaram de noites "completamente normais".

O julgamento está previsto para o final do mês.

Em sua acusação, a procuradora explicou que Ruby, como a maioria das outras meninas que participaram das noites na casa do Cavaliere, cultivavam um "sonho italiano negativo", à espera de "dinheiro fácil e da oportunidade de trabalhar no mundo do entretenimento".

Boccassini acusou Ruby de fazer papel de vítima, dizendo viver em más condições de vida e tendo um pai que abusava dela. Para a promotora, seus pais são pessoas "muito dignas que educavam como podiam" uma jovem rebelde e fugitiva.

Depois de se tornar "a favorita", Ruby "recebeu diretamente de Silvio Berlusconi o que precisava para viver em troca de noites em Arcore", indicou a promotora.

Para Boccassini, segundo a qual a garota marroquina dormiu várias noites em Arcore, "não há dúvida de que Ruby era uma prostituta", dado "o recebimento de dinheiro em grandes quantidades".

Ela também destacou o papel do ex-conselheiro regional, Nicole Minetti, neste "sistema de prostituição" em favor de Berlusconi, enquanto sabia que a menina era menor de idade.

O Ministério Público denunciou ainda as pressões de Berlusconi para liberar Ruby, depois de sua detenção por roubo na madrugada do dia 27 ao 28 de maio de 2010. "Eu posso provar, para além de qualquer dúvida razoável, que, naquela noite, funcionários da prefeitura libertaram a menor após uma intercessão do presidente (do Conselho)", disse.

Segundo ela, os funcionários da prefeitura sabiam que a história contada pela comitiva de Berlusconi sobre Ruby, "sobrinha do então presidente egípcio Hosni Mubarak", era "uma grande mentira".

Para confirmar suas palavras, Boccassini, o grande desafeto do Cavaliere por tê-lo acusado em outros casos, citou dezenas de telefonemas, SMS e a posição dos telefones celulares de testemunhas.

Os problemas legais de Berlusconi, condenado na semana passada a um ano de prisão por sonegação de impostos no julgamento do caso Mediaset, causou um rebuliço no governo de Enrico Letta, que é o primeiro a unir a esquerda e a direita desde a Segunda Guerra Mundial.

Durante uma reunião realizada na Toscana para reforçar a coesão do governo, Letta considerou "inaceitável" a participação de alguns de seus ministros em uma manifestação sábado em Brescia para apoiar Berlusconi e denunciar o Judiciário "politizado".

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