Turquia ordena prisão de 42 jornalistas

FolhaPress
25/07/2016 às 21:19.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:00
 (OZAN KOSE/AFP)

(OZAN KOSE/AFP)

Autoridades turcas anunciaram nesta segunda-feira (25) ordens de detenção contra 42 jornalistas, em uma nova fase dos expurgos contra suspeitos de participar da tentativa fracassada de golpe no país. A decisão da Justiça ocorreu poucas horas depois de  ser decretada a prisão preventiva para 40 militares.

Paralelamente e em um gesto pouco habitual, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou reunião com os principais líderes da oposição. O primeiro-ministro, Binali Yildirim, disse estar pronto para trabalhar com os opositores para a redação de uma nova Constituição.

O objetivo de Erdogan era agradecer às siglas opositoras por sua "atitude determinada contra o golpe" -embora o líder do partido pró-curdo HDP, acusado de apoiar o terrorismo por seus vínculos com o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), não tenha sido convidado.

Na véspera, o CHP (social-democrata), principal partido rival do islamita-conservador AK (no poder), havia organizado uma grande manifestação na praça Taksim, em Istambul, para demonstrar rejeição ao golpe.

Durante a manifestação, o chefe do CHP, Kemal Kiliçdaroglu, cobrou do governo respeito ao Estado de Direito.

A magnitude do expurgo pós-golpe -13 mil pessoas em prisão preventiva, 5.800 detidos e dezenas de milhares de funcionários demitidos ou suspensos- causa inquietação dentro e fora da Turquia.

Entre os jornalistas que foram alvo de ordem de detenção está Nazli Ilicak, figura de destaque na Turquia, demitida do jornal pró-governo "Sabah" em 2013 por ter criticado ministros envolvidos em um caso de corrupção.

Até o momento, cinco foram detidos e 11 estariam no exterior, indicou a agência Dogan. A polícia buscava Ilicak no centro da cidade costeira de Bodrum.

No dia 19 de julho, o regulador turco dos meios audiovisuais havia retirado a licença de transmissão de muitas redes de televisão e rádio suspeitas de apoiar a rede do pregador Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos desde 1999 e acusado de instigar o golpe, embora ele desminta estas acusações.

No sábado passado, Erdogan advertiu, em uma entrevista à rede de televisão France 24, que, se "os meios de comunicação apoiarem o golpe de Estado, sejam meios audiovisuais ou outros, pagarão o preço".

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Além disso, 31 intelectuais e professores foram detidos em uma operação em Istambul por seus supostos vínculos com Gülen.

Na quinta-feira (21), o estado de emergência foi instaurado pela primeira vez em 15 anos na Turquia ""o prazo máximo de prisão preventiva passou de quatro a 30 dias, e mais de 2.000 instituições foram dissolvidas.

O chefe do Estado-Maior do Exército turco, Hulusi Akar, que enfrentou os golpistas e foi feito refém, afirmou aos investigadores em um comunicado que os generais rebeldes disseram que ele poderia falar pessoalmente com Gülen caso se unisse a eles.

PENA DE MORTE

Em entrevista à rede de TV alemã ARD nesta segunda, Erdogan voltou a dizer que a população quer a reintrodução da pena de morte após a tentativa de golpe e que é preciso ouvir esse anseio. "O que os turcos dizem hoje? Eles querem a pena de morte, e nós não podemos dizer: 'não, isso não nos interessa'"

Líderes europeus já avisaram Ancara de que, se a Turquia voltar a executar condenados, as negociações para a entrada na União Europeia serão suspensas.

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