Na corrida ao Palácio da Liberdade, quase 50% dos eleitores ainda não têm candidato

Lucas Borges
lborges@hojeemdia.com.br
31/07/2018 às 22:02.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:41
 (Editoria de Arte)

(Editoria de Arte)

Os candidatos que disputam o governo de Minas têm menos de 70 dias para conquistar o eleitor que ainda não definiu o voto. Segundo pesquisa divulgada ontem pela Confederaçã o Nacional do Transporte (CNT), 28% dos eleitores do Estado pretendem votar em branco ou anular o voto. Já outros 19,7% ainda estão indecisos.

Os números quase atingem a soma dos seis nomes presentes no levantamento que, juntos, alcançaram 52,2% das intenções de voto. Conforme a pesquisa, Antonio Anastasia (PSDB) lidera a disputa (21,5%), seguido por Fernando Pimentel (PT), com 13,3% . A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Para o cientista político e professor da PUC Minas Malco Camargos, a descrença do eleitor é resultado do conturbado cenário político que o país vive nos últimos anos. 

“São dois fatores que geram a desconfiança. O primeiro vem dos impactos dos escândalos de corrupção revelados nos últimos tempos. Há ainda a decepção do cidadão, que esperava uma melhoria na qualidade de vida com a retirada da presidente Dilma e a ascensão do Temer e viu que esse movimento não deu o resultado esperado”. 

Em relação ao impacto do alto número de indecisos na eleição, Camargos entende que os postulantes que estão há mais tempo na vida política tendem a ter um caminho mais tortuoso na busca pelo voto desse tipo de eleitor. 

“Os candidatos mais conhecidos, os líderes da pesquisa (Anastasia e Pimentel), a princípio, terão mais dificuldades de convencer os eleitores indecisos a migrarem em torno de suas candidaturas. Esses eleitores estão esperando novas ofertas, novos candidatos”. 

Entretanto, o cientista político faz questão de destacar que a apresentação de novas opções para o pleito não é garantia de queda dos demais concorrentes. 
“Não necessariamente essas novas ofertas vão superar as dos candidatos consolidados. Esses eleitores podem estar querendo se informar mais, pesquisar mais sobre outros candidatos, mas isso não quer dizer que eles votarão neles”. 

Planejamento 

Diretor da LF Mercado e presidente do Sindicato das Agências de Propaganda de Minas Gerais (Sinapro), André Cavalcanti de Lacerda afirma que o candidato que quiser reverter esse quadro de indecisão do eleitor tem que ter um projeto de campanha muito bem definido. 

“O candidato tem que ter foco, proposta de trabalho. Tem que mostrar o que ele pretende agregar na vida da pessoa. Agora é a hora de gastar sola de sapato. Tem que ter uma visão dos números, de quantos votos ele precisa para ser eleito, em quantos municípios ele quer ser eleito, quantas pessoas ele pretende representar”. 

Lacerda ainda entende que o expediente de contratar apenas um profissional especialista em marketing político está ultrapassado para o cenário atual, em que o tempo de campanha será de apenas 45 dias. 

“Tirando algum candidato a presidente ou a governador, ninguém vai ter tempo de apresentar as propostas no horário eleitoral gratuito. Vai ser necessário uma campanha de muito corpo a corpo. Tem que ter planejamento. Não adianta contratar marqueteiro. Não existe mais ‘guru’, mágica, existe técnica. É necessário um bom profissional de comunicação para fazer o planejamento da campanha, calcular o número de votos necessário, e o perfil da pessoa que o candidato quer representar”. 

Ex-presidente Dilma Rousseff mantém liderança para o Senado

A corrida por uma cadeira no Senado também promete ser acirrada. Nomes como o da ex-presidente Dilma Roussef (PT), do senador Aécio Neves e dos apresentadores Carlos Viana (PHS) e Mauro Tramonte (PRB) movimentam o duelo pelas duas vagas que o Estado terá direito a eleger no pleito de outubro. 

Segundo pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), Dilma aparece na primeira posição, com 21,5% das intenções de votos. Aécio, que ainda não divulgou qual cargo vai disputar nas eleições, vem em segundo lugar, com 15,1%. Em seguida aparecem Tramonte, com 10,6%, Josué Alencar (PR), com 10,4%, e Viana, com 7,7%. 

Dinis Pinheiro (SD), já confirmado como um dos candidatos ao Senado na chapa de Antonio Anastasia (PSDB), apresenta 4,3% das intenções de voto, até o momento. 

Uma indefinição gira em torno do segundo nome que será lançado pelo PT ao lado de Dilma. Como apenas o DC (Democracia Cristã) declarou apoio à candidatura do governador Fernando Pimentel à reeleição, até o momento, o partido ainda não indicou quem deve entrar na disputa ao lado da ex-presidente. 

Indecisos 

Chama a atenção na pesquisa o número de eleitores indecisos ou que pretendem votar em branco ou nulo em pelo menos uma das opções para ocupar uma vaga no Senado Federal. Enquanto 22,7% dos eleitores pretendem votar branco ou nulo na primeira opção ao cargo, outros 27,5% declararam o mesmo para a segunda opção. 

Em relação aos indecisos, 20, 9% dos entrevistados revelaram ainda não ter decidido qual a primeira opção de voto, e outros 38,4% afirmaram o mesmo para o segundo posto. 

Lacerda desiste de Ciro e reafirma candidatura em Minas

Cotado para compor a chapa de Ciro Gomes (PDT), como candidato a vice-presidente, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), reafirmou ontem sua candidatura ao governo de Minas. Por meio das redes sociais, Lacerda descartou a possibilidade de desistir da corrida ao Palácio da Liberdade para se unir a Ciro. “Eu sou candidato ao governo de Minas e não há hipótese de me candidatar a vice-presidente. Essa é a nossa decisão final”.

Prefeito da capital mineira entre 2009 e 2016, o empresário se apresenta como uma terceira via ao governo do Estado, em paralelo à disputa entre o atual governador Fernando Pimentel (PT) e o senador Antonio Anastasia (PSDB).

Aliança com MDB E DEM

Conforme publicado ontem pelo Hoje em Dia, o PSB de Marcio Lacerda mantém tratativas com o MDB e o DEM para a composição de uma chapa única, que lançaria o ex-prefeito como candidato a governador, Adalclever Lopes (MDB) a vice e Rodrigo Pacheco (DEM) como postulante a uma vaga no Senado. Entretanto, apesar de as partes confirmarem as negociações em torno de uma aliança, uma definição sobre as coligações só deve ser anunciada após as últimas convenções partidárias, que serão realizadas no próximo fim de semana. 

 

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