Negócios bancários no Brasil passarão a ser menos lucrativos

Do Hoje em Dia
18/11/2012 às 07:09.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:22

Nos três anos que se seguiram à crise financeira de 2008, só nos Estados Unidos 389 bancos locais ou regionais fecharam as portas, enquanto no Brasil os grandes bancos continuaram registrando lucros recordes. O maior banco privado, o Itaú Unibanco, obteve nos primeiros nove meses deste ano lucro acumulado de R$ 10,1 bilhões, um pouco abaixo do recorde estabelecido em igual período de 2011, de R$ 10,9 bilhões. O Bradesco, segundo maior banco privado, acumulou neste ano, até setembro, lucro de R$ 8,4 bilhões, enquanto o Banco do Brasil, líder entre os estatais, fechava o período com lucro líquido de R$ 8,2 bilhões.

A bonança do setor bancário brasileiro praticamente só foi quebrada pela liquidação extrajudicial, pelo Banco Central, de três bancos menores: Banco Cruzeiro do Sul e Banco Prosper, em setembro, e Banco BVA, em outubro deste ano. E pela condenação, no processo do mensalão, da ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabelo, a 16 anos e oito meses de prisão, além de multa de R$ 1,5 milhão. Fundado por seu pai, Sabino Rabello, falecido em janeiro de 2005, o Rural é um dos três maiores bancos mineiros em ativos totais. Outros dois ex-dirigentes foram condenados a mais de oito anos de prisão cada um e multa.

Tais condenações preocupam os banqueiros, mais que a queda dos juros pagos pelo governo aos bancos e a pressão para que reduzam os juros cobrados dos clientes. Conforme noticiou um jornal paulista, um grupo de dirigentes de bancos se reuniu recentemente para discutir o que fazer diante da nova interpretação do Supremo Tribunal Federal sobre crimes financeiros.

A conclusão é que o Supremo poderá instituir como regra, a partir de agora, a “teoria da cegueira deliberada”, que permitiu enquadrar Kátia Rabello nos crimes de gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. Não é uma inovação brasileira, pois já foi aplicada nos Estados Unidos e na Espanha. Por essa teoria, o banqueiro não pode liberar recursos que serão usados em crimes e escapar de punição alegando que não sabia ou que não era seu papel conceder o empréstimo. Desse modo, os bancos terão que ser mais rigorosos. Precisarão criar estruturas para investigar os clientes e os destinatários dos empréstimos, o que vai aumentar os custos e retardar as operações.

Negócios bancários no Brasil continuarão muito atrativos, mas menos lucrativos do que vêm sendo até agora. E talvez passem a ser melhores para o setor produtivo brasileiro.

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