No Carnaval de Salvador, trios minimizam' axé e ganham sotaque carioca

Estadão Conteúdo
11/02/2018 às 09:58.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:16
 (Reprodução do Instagram)

(Reprodução do Instagram)

Definitivamente o axé saiu da preferência desta geração e o reflexo disso se percebe nitidamente no carnaval de Salvador. Bombando no cenário nacional e internacional, a atração mais esperada da folia em 2018 era a cantora Anitta, que puxou um bloco sem cordas no circuito Barra Ondina na noite de sexta (9).

Com ela está a também popular Jojô Todynho, dona do ritmo mais badalado e contestado do verão: Que Tiro Foi Esse?. As duas estarão juntas nos shows em Salvador e no Rio. A funkeira carioca foi convidada por Anitta. Já tem até quem diga que o carnaval baiano está com sotaque dos morros cariocas e, se depender dos adolescentes, o ritmo promete ficar na parada de sucesso por muito tempo. "Nem ligo para axé music. Estou saindo agora de casa para ver Anitta. Se Jojô Todynho vai junto, então é beleza total", diz a estudante Sofia Rolim, de 14 anos.

Amiga de Sofia, a também estudante Bruna Lima, de 14 anos, faz coro. "Não conheço muito de axé e gosto da Anitta. Além dela, vou querer ver a Pablo Vittar na terça-feira. Já disse à minha mãe que estou colada na Pablo, e ela prometeu me levar." Alok, Anitta, Jojô Todynho e Pablo Vittar estão entre as atrações mais aguardadas dos jovens soteropolitanos.

O certo é que sem o carisma de Ivete Sangalo, que deu à luz duas meninas ontem, a nova geração opta por funk, rap, pop e música eletrônica. Até a geração dos que tem mais de 30 anos preferiu shows de camarotes com atrações de fora. "Gosto de pagode, rap, pop e musica eletrônica, mas já não tenho mais vontade de correr atrás de um trio. É cansativo. Prefiro a comodidade dos camarotes", diz o engenheiro químico André Vitória.

Na ausência de Ivete, o destaque fica para Anitta, que levou seu Bloco das Poderosas para o terceiro ano consecutivo no Barra-Ondina. E continua a reunir multidões sem cordas ou venda de abadás. Ela representa uma nova corrente em um carnaval que não é mais aquele, como diziam anos atrás, que não tem dia nem hora para terminar. Poucos blocos foram às ruas na quinta - e poucos são esperados na terça.

E até o fim haverá espaço para forasteiros. O goiano Alok, eleito o 19.° melhor DJ do mundo pela revista DJ MAG em 2017, fechará o espetáculo em seu próprio trio, o Pipoca do Alok, no dia 13, a partir das 16h30, no Farol da Barra.

Imprevisto

O carnaval de Salvador começou com imprevistos desde a abertura oficial, que foi adiada de quarta para quinta e trocada do circuito tradicional Osmar (Campo Grande) para o Dodô (Ondina). O rapper Pitbull passou mal e não pôde subir ao trio ao lado de Claudia Leitte - uma das raras atrações da casa que mantêm público.

Neste ano, a cantora se rendeu a um dos gostos da nova geração: estava de jogadora de futebol americano, com direito a maquiagem facial. E, solta na festa, fez homenagens a Ivete Sangalo - embora fãs das duas mantenham atritos.

Com essas mudanças de hábitos e gostos, o carnaval de Salvador começa a ser repensado e, para 2019, os organizadores prometem trocar os tradicionais circuitos por outros locais da orla. Os camarotes, por exemplo, devem ir para a Arena Fonte Nova. São os sinais dos novos tempos.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por