Empossado ontem como ministro do Trabalho, Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello sinalizou que poderá fazer uma “limpa” na pasta ao ser questionado sobre mudanças em cargos após investigações da Polícia Federal para apurar supostas irregularidades no ministério.

O novo ministro, que fez carreira em Minas, afirmou que se as mudanças forem necessárias, serão feitas. “Como bom mineiro, vou examinar bem a situação e as medidas serão tomadas, com transparência”, disse. 

No entanto, Caio Vieira ressaltou que se os indicados políticos tiverem capacidade técnica, irão permanecer no cargo. “Não estou dizendo que vou trocar. Eu vou conduzir o ministério tecnicamente”, disse.

Caio Vieira disse que a pasta tem que ser “extremamente” técnica. “Temos que funcionar tecnicamente”, afirmou, salientando que o presidente Michel Temer pediu que ele desse agilidade ao ministério “e ajudasse a resolver os problemas que existem lá”.

No último dia 5, o chefe da Casa Civil da Presidência da República, ministro Eliseu Padilha, assumiu interinamente o Ministério do Trabalho, no lugar de Helton Yomura, que pediu exoneração do cargo após ser um dos alvos da terceira fase da Operação Registro Espúrio, da PF. 

O objetivo da operação foi aprofundar as investigações sobre uma suposta organização criminosa que fraudaria a concessão de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho.

Reforma 
Sobre a reforma trabalhista, o novo ministro disse que a alteração de legislação é “uma coisa normal”. “A adaptação vai se fazendo pela jurisprudência e o tempo vai mostrando a vantagem ou desvantagem. Se houver necessidade, haverá mudança também. Não vejo nenhuma necessidade de mudança no momento”.

“O ministro Caio Vieira de Mello é um nome de grande experiência e traz para a nossa equipe décadas de atuação na área jurídica, mas sobretudo na área da Justiça trabalhista. Acumula um conhecimento valiosíssimo neste momento em que a necessidade maior do brasileiro e, portanto, a prioridade do nosso governo é precisamente o emprego”, disse o presidente Temer.

Conciliador
Conhecido pelo perfil conciliador, Caio Vieira nasceu no Rio de Janeiro, mas fez carreira em Minas. É advogado, desembargador aposentado e o primeiro nome técnico a assumir a pasta no governo Temer.

“Pessoa preparadíssima”
“Grande jurista que tenho a alegria de um fraterno convívio por vários anos. O fato de ele ter sido vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, com especialização em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, contribuirá muito para a condução do Ministério”, afirmou o superintendente do Ministério do Trabalho em Minas Gerais, João Carlos Gontijo de Amorim.

O presidente da Associação Mineira dos Advogados Trabalhistas (Amat), Marco Antônio Oliveira Freitas, também aprovou a escolha do ministro. 
“É um profissional que sempre atuou na área trabalhista e apresentou desempenho fantástico no TRT da 3ª Região. Ele é uma pessoa preparadíssima para defender os interesses do direito do trabalho”, disse.

Para o consultor jurídico da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG) e diretor da Associação Mineira dos Advogados Trabalhistas (Amat), Carlos Schirmer, o novo ministro tem um grande desafio pela frente. 

“Se alguém tem perfil conciliador para resolver os problemas, essa pessoa é o doutor Caio. Ele é um profundo conhecedor do Direito do Trabalho, com um pensamento mais liberal. Conhece todas as mazelas e nuances da relação do trabalho”, afirmou.

“Nós sabemos da seriedade dos juristas mineiros e o doutor Caio certamente é uma referência no assunto trabalhista. Torcemos para que ele consiga somar em nosso esforço para modernizar o país”, afirmou Olavo Machado, empresário e ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. 

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SAIBA MAIS

Formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Caio Vieira fez carreira como advogado trabalhista e foi nomeado em 2001 para o cargo de desembargador do Tribunal Regional do Trabalho, onde exerceu no biênio 2008/2009 a vice-presidência judicial. Em março de 2012, aposentou-se como desembargador e passou a atuar como consultor jurídico. Até o convite para o ministério, atuou no escritório de advocacia Sérgio Bermudes, um dos mais importantes do país.

A vocação para o Direito Trabalhista vem de família. Caio Vieira é filho do falecido ministro Luiz Philippe Vieira de Mello e irmão do ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, ambos do Tribunal Superior do Trabalho.

Caio Vieira assume a pasta uma semana após Helton Yomura pedir exoneração ao ser afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento em esquema que fraudava a concessão de registros sindicais.

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