O preço de morar só: Em BH, custo básico para se manter sozinho é o dobro do salário mínimo

Rafaela Matias
rsantos@hojeemdia.com.br
18/05/2018 às 21:04.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:55
 (Editoria de arte)

(Editoria de arte)

Quem vive em Belo Horizonte e deseja morar sozinho precisa estar com o bolso preparado. De acordo com levantamento da Fundação Ipead (Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais) feito a pedido do Hoje em Dia, o custo para manter uma casa com um único morador na capital mineira é de pouco mais de R$ 1.500 ao mês. A soma, claro, deixa de fora gastos com aluguel, IPTU e condomínio, que são de pelo menos R$ 963, na região Norte, chegando a R$ 2.032, na Centro-Sul, segundo pesquisa da Casa Mineira Imóveis. 

No total, o morador solitário precisaria desembolsar o mínimo de R$ 2.500 mensais para arcar com as despesas do lar. Vale dizer: em um apartamento de 1 ou 2 quartos, com aproximadamente 50 metros quadrados. 

O valor supera a maioria dos pisos profissionais praticados no mercado de trabalho, como o de publicitário (R$ 2.232,18), psicólogo (R$ 1.706,79) e enfermeiro (R$ 2.215,52). É também mais que o dobro do salário mínimo, hoje em R$ 954. 

Não por acaso, uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas apontou que a maioria das pessoas que moram sozinhas gasta tudo o que recebe mensalmente ou está endividada. 

De acordo com o estudo, que investigou os hábitos de vida e consumo dos brasileiros que moram sós, 25% dessas pessoas estão no vermelho e não conseguem honrar seus compromissos financeiros. Em média, os devedores possuem um débito de R$ 1.500, proveniente principalmente do não pagamento da fatura do cartão de crédito (36%) e do cartão de lojas (20%). Outros 41% afirmaram que não devem, mas também não conseguem economizar nada e gastam todo o salário. 
É o caso da advogada Nathália Tanure, de 25 anos. Ela até gostaria de fazer uma poupança e se planejar para o futuro, mas gasta cerca de R$ 4.000 por mês para manter o apartamento, na região Noroeste da capital. Somente o aluguel e a alimentação comprometem cerca de 65% da renda. Isso sem contar o condomínio, que tem um valor variável e dificulta ainda mais o planejamento. 

“É um edifício de apenas seis apartamentos e as contas comuns, como administradora e luz, são divididas entre todos, por isso acaba sendo um valor variável, que na verdade só aumenta”, relata. 

O engenheiro de produção Marcelo Gil, de 29 anos, também precisou lidar com o desafio de custear uma residência sem ajuda. Natural de Almenara, no Norte de Minas, ele se mudou para a capital para estudar e trabalhar, mas, quando fez as contas, concluiu que não conseguiria se bancar sozinho. 

Marcelo decidiu que o melhor a fazer seria dividir o apartamento com um amigo. Ao optar pela divisão dos gastos, o valor caiu para R$ 1.300 mensais para cada um. “Além de me ajudar a economizar, é bom ter uma companhia para conviver e conversar”, afirma. 

Para fugir do vermelho, planejamento é fundamental

De acordo com o consultor Paulo Pacheco, professor de economia do Ibmec, para evitar que o orçamento apertado se transforme em dívidas no fim do mês, o planejamento é fundamental. Isso porque os moradores que vivem sozinhos não têm a quem recorrer em caso de imprevisto e uma conta não paga acaba se transformando em uma bola de neve. 

“É preciso colocar na ponta do lápis a relação entre o valor que entra e o que sai mensalmente, para que os custos supérfluos possam ser reduzidos antes do endividamento”, explica. 

Ele afirma ainda que o medo das dívidas é um dos motivos pelos quais os jovens saem cada vez mais tarde de casa. 

“Essa é uma tendência crescente das novas gerações. A crise aumentou o desemprego, mas mesmo o jovem que está empregado dificilmente conseguirá se sustentar sozinho. O custo de moradia é superior aos salários de entrada no mercado e a disparidade é ainda maior se considerarmos o salário mínimo”, afirma. 

Para os que desejam se arriscar e aproveitar os benefícios de ter uma casa só para si, Pacheco dá algumas dicas. “Mantenha uma planilha de gastos para que você possa ter o controle das finanças. E tente economizar nos itens em que isso é possível, como lazer e transporte”, explica. 

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