Obras se arrastam na BR-381; rescisão de contratos e falta de interesse emperram duplicação

Pedro Ferreira
pferreira@hojeemdia.com.br
01/06/2017 às 22:31.
Atualizado em 15/11/2021 às 16:54
 (Nova 381/Divulgação)

(Nova 381/Divulgação)

Uma série de obstáculos deve atrasar ainda mais as obras de duplicação e reforma dos 303 quilômetros da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Os trabalhos na rodovia começaram em 2014, andam a passos lentos e não há previsão de término.
Duas tentativas de contratação de obras para os lotes 8A (Caeté, Santa Luzia e Sabará) e 8B (Santa Luzia, Sabará e BH) fracassaram e o Departamento Estadual de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estuda alternativas para resolver o problema.

Os lotes 1 (Governador Valadares, Naque, Periquito, Belo Oriente) e 2 (Belo Oriente, Santana do Paraíso, Ipatinga, Timóteo, Coronel Fabriciano e Jaguaraçu) estão sendo revistos para verificar possível duplicação, pois no projeto original as obras seriam apenas para aumentar a capacidade da via.

CANCELAMENTO
Para complicar, todos os contratos com a empresa espanhola Isolux Corsán foram rescindidos unilateralmente pelo Dnit, a partir de junho de 2016, por não execução dos serviços, o que vem gerando processos de apuração de responsabilidade e pode resultar em multa milionária para o consórcio, que ainda era responsável pelos lotes 1, 2, 3.1, 4, 5 e 6.

A Empresa Construtora Brasil (ECB), segunda colocada na licitação, assumiu o Lote 3.1(entroncamento da MG-320 para Jaguaraçu, Antônio Dias até o Ribeirão Prainha, em Nova Era) e começou na semana passada a erguer a ponte sobre o Córrego do Oncinha.
Obras de duplicação, restauração, construção de pontes, viadutos e interseções também estão previstas para os 28,6 quilômetros do Lote 3.1.

PAVIMENTAÇÃO
A ECB já era responsável pelo Lote 7 (Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo, Nova União até o Rio Una, em Caeté), onde iniciou em abril a pavimentação das pistas entre Barão de Cocais e Caeté, com aplicação de placas de concreto, que são a última camada de pavimento.
“O concreto rígido é mais durável do que o asfalto comum”, informou o Dnit. Serão duplicados 37,5 quilômetros nesse trecho da rodovia e modernizadas as pistas antigas.

Segundo o Dnit, o Lote 7 está com 40% das obras concluídas, com trabalhos de terraplanagem, construção de três pontes, três interseções (em Barão de Cocais, Itabira e Bom Jesus do Amparo), pavimentação e construção de um viaduto de 600 metros, que deve ficar pronto neste ano.
Os túneis nos lotes 3.2 (Rio Piracicaba) e 3.3 ( Antônio Dias e Prainha) estão prontos desde 2015.

LICITAÇÃO
A construção da variante Santa Bárbara ficou inviável com a rescisão de contrato com a Isolux Corsán, segundo o Dnit, que iniciou estudo para realização de nova licitação para os lotes 5 (acesso Sul de Nova Era, Bela Vista de Minas, João Monlevade e acesso Sul de Nova Era) e 6 (João Monlevade e São Gonçalo do Rio Abaixo, até o Rio Una).

 Dnit rompeu contrato com consórcio por inexecução do serviço

O Consórcio Isolux Corsán assumiu várias obras no país e não deu conta de cumprir os contratos, segundo o Dnit. Em março, o metrô de São Paulo afastou a empresa espanhola do projeto que previa a construção e implantação da subestação elétrica da Linha 17-Ouro. Outros contratos foram cancelados com o consórcio pelo metrô paulista.

“Os contratos com o Consórcio Isolux foram rescindidos unilateralmente por inexecução das obras, o que vem gerando processos de apuração de responsabilidade”, informou o Dnit. O Hoje em Dia não conseguiu contato com o consórcio.

BILHÕES
De acordo com o Movimento Nova 381, da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), o valor original da obra é de R$ 4 bilhões.

O Dnit não soube estimar o valor final da obra, pois há lotes em fase de adequação ou contratação de projeto.
Para as obras contratadas do Lotes 7 e 3.1, estima-se que sejam gastos aproximadamente R$ 900 milhões.

Para 2017, o Dnit informou que o orçamento disponível é de cerca de R$ 320 milhões. “Recursos suficientes para cumprir o cronograma de obras dos Lotes 7 e 3.1 este ano”, informou.

Acidentes
Enquanto as obras se arrastam, a BR-381 continua fazendo jus ao título de “Rodovia da Morte” , devido ao seu alto índice de acidentes e de perdas de vida.

A rodovia tem traçado sinuoso, pistas simples e são mais de 200 curvas somente nos 100 quilômetros entre a capital e João Monlevade, além do volume de tráfego intenso, principalmente de veículos de carga. De acordo o Movimento Nova 381, o ritmo lento das obras expõe ainda mais os motoristas a riscos.

No ano passado, segundo a PRF, foram 1.254 acidentes entre BH e Valadares, com 421 feridos graves, 1.063 leves e 90 mortes.

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