Pagamento até para mortos gera rombo de R$ 174 mi no Bolsa Família em Minas

Da Redação
primeiroplano@hojeemdia.com.br
11/11/2016 às 22:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:38
 (Divulgação)

(Divulgação)

 Mais de 48.500 moradores de Minas Gerais receberam indevidamente o Bolsa Família de 2013 a 2016, segundo levantamento do Ministério Público Federal (MPF). Dos 853 municípios mineiros, em apenas dois não foram encontradas quaisquer suspeitas: Arapuá, localidade com pouco mais de 2.700 habitantes, no Alto Paranaíba, e Lamim, com 3.500 moradores, situada na Zona da Mata. Em todo o país, os repasses indevidos custaram R$ 3,32 bilhões aos cofres públicos. O rombo em Minas foi de R$ 174,8 milhões, o equivalente a 2,65% do que foi pago no Estado.

Entre as pessoas que foram beneficiadas sem necessidade, estão empresários (45.800), servidores públicos com famílias de até 4 pessoas (3.500), falecidos (710), doadores de campanha eleitoral (545) e servidores públicos doadores de campanha (51).

A cidade com maior percentual de perfis suspeitos foi Botumirim, no Norte de Minas. No local estão 14,79% dos repasses indevidos. Em seguida aparecem Maripá de Minas, na Zona da Mata, com 10,42%, e Grupiara, no Triângulo, com 7,97%.

Recomendações
O Ministério Público Federal (MPF) fez recomendações para que as prefeituras realizem visitas domiciliares aos beneficiários do programa suspeitos de não cumprir os requisitos econômicos estabelecidos pelo governo federal para recebimento do benefício.

As recomendações foram expedidas em todo o país no período de julho a setembro deste ano, com prazo de 60 a 120 dias para que os gestores municipais informem o número de irregularidades confirmadas e de benefícios cancelados.

As respostas às recomendações ainda estão sendo recebidas e processadas pelo Ministério Público Federal.

Os casos suspeitos foram identificados por meio de ferramenta de inteligência desenvolvida pelo Ministério Público Federal a partir do cruzamento de dados públicos fornecidos pelo próprio Governo Federal, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela Receita Federal e pelos Tribunais de Contas estaduais e municipais.

O diagnóstico apontou grupos de beneficiários com indicativos de renda incompatíveis com o perfil de pobreza ou extrema pobreza exigido pelas normas do programa. Os perfis suspeitos foram classificados em cinco grupos: falecidos; servidores públicos com clã familiar de até quatro pessoas; empresários; doadores de campanha; e servidores doadores de campanha (independentemente do número de membros do clã familiar).

No Brasil
O projeto do MPF analisou todos os valores pagos pelo Bolsa Família no período de 2013 a maio de 2016. Nesse ciclo, o programa pagou aos 21,5 milhões de beneficiários do Brasil R$ 86,1 bilhões. Desse total, 912,6 mil foram considerados suspeitos.

O valor pago a perfis suspeitos foi de R$ 3,32 bilhões, sendo R$ 2,03 bilhões a empresários; R$ 1,23 bilhões a servidores públicos com clã familiar de até quatro pessoas; R$ 25,97 milhões pagos a beneficiários falecidos; R$ 11,89 milhões a doadores de campanhas que doaram valores superiores ao benefício recebido; R$ 11,48 milhões a servidores públicos doadores de campanha (independentemente do valor da doação).

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por