Patrimônios do Brasil têm potencial turístico, mas atraem poucos visitantes

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
09/01/2017 às 07:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:21
 (CRISTIANO MACHADO)

(CRISTIANO MACHADO)

Apesar de ser o décimo primeiro país com maior número de Patrimônios Culturais e Naturais Mundiais da Humanidade declarados pela Unesco, o Brasil não entra na lista dos que mais recebem turistas. Faltam investimentos e promoção das vinte localidades brasileiras que possuem esse status para atrair visitantes ao país, na avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU). Por isso, o órgão recomenda ao governo federal a criação de uma política nacional de gestão desses patrimônios.

Somente em Minas Gerais, são quatro patrimônios culturais registrados na Unesco: a cidade de Ouro Preto, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, o Centro Histórico de Diamantina e o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte. 

Por terem a importância mundialmente reconhecida, o esperado era que esses locais atraíssem um contingente maior de pessoas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que cada patrimônio mundial seja capaz de aumentar em 1% o número de visitantes no país. 

No entanto, segundo análise do TCU, não é esse o caso no Brasil. Tanto que, segundo o Fórum Econômico Mundial, o país está na vigésima oitava posição em competitividade no turismo global. 

Fora daqui

Mundialmente, os dez destinos mais procurados coincidem com os de maior número de patrimônios registrados. A França, por exemplo, é o quarto país em declarações na Unesco e o primeiro em turismo. A Espanha ocupa o terceiro posto nos rankings e a China é o segundo país com mais opções de patrimônios e o quarto em recebimento de pessoas.

Para o TCU, o que falta no Brasil para tornar esses pontos mais atraentes é um planejamento com visão de longo prazo. Além disso, o Tribunal aponta para falta de investimento na infraestrutura desses locais. Pautando-se nisso, o órgão recomenda a criação de um Plano Nacional de Gestão do Patrimônio Mundial da Humanidade.

“A verdade é que temos os patrimônios, mas não existe um trabalho consolidado para atrair os turistas para eles”, concorda com o TCU o consultor executivo especializado em hotelaria Maarten Van Sluys.

Em nota, o Ministério do Turismo afirma que já desenvolve políticas que busquem a proteção e conservação dos patrimônios. Dentre as ações citadas pela pasta estão a implantação de sinalização turística nos municípios que compõem o patrimônio mundial. Em 2016, foram 1.050 obras entregues em todo o Brasil com investimento de R$ 499 milhões. Além disso, foram liberados no fim do ano mais R$ 16, 5 milhões para 13 obras do PAC do Turismo.

O governo explica, ainda, que foram feitas parcerias com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na melhoria da infraestrutura dos parques nacionais do país, e com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a realização do projeto Patrimônio e Turismo, que visa debater a inclusão das fortificações brasileiras na Lista do Patrimônio Mundial. Orçado em R$ 370 mil, o projeto prevê seminários e atualização do Guia Brasileiro de Sinalização Turística.

Minas Gerais será ‘vendida’ como ‘acervo’ histórico

Os turismos cultural e histórico serão os motes de atração turística de Minas Gerais. O governo do Estado investirá R$ 8 milhões neste ano, em uma campanha visando esse reposicionamento e incrementando o turismo local. Em 2016, foi investido R$ 1,5 milhão para esse mesmo fim.

“Fizemos uma análise do potencial turístico do Estado e decidimos apostar no que de fato atrai turista. Vamos vender Minas Gerais como Patrimônio Histórico do Brasil. Quem quiser conhecer o país necessariamente tem que passar por aqui”, afirma o secretário de adjunto de Turismo do Estado, Gustavo Arrais. “Turismo é mercado. Por isso estamos buscando inserir Minas Gerais de forma mais ativa nesse negócio”, observa.

O secretário concorda com a conclusão do TCU de que falta uma política nacional mais ativa para estimular o turismo nos Patrimônios Culturais da Humanidade. 

No prejuízo

Minas Gerais acaba sendo prejudicada com isso, uma vez que o Estado possui quatro sítios de patrimônio. Para Gustavo Arrais, um estímulo dos turismos cultural e histórico beneficiará diretamente as cidades que possuem bens da humanidade. Até porque três delas são históricas e a outra é a capital, porta de entrada para o turismo internacional. 

O primeiro passo é tornar o potencial turístico do Estado mais conhecido internacionalmente. O segundo é partir para o fomento da atividade, formando parcerias com os setores. “Sozinhos não conseguiremos resultados. Somos indutores de investimentos. Por isso atuamos mais no planejamento”, explica Arrais. 

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