PF faz operação em Minas e SP contra empresas de serviços de limpeza em desdobramento da 'Lava Jato'

Amália Goulart *
amaliagoulart@hojeemdia.com.br
Publicado em 01/03/2018 às 08:10.Atualizado em 03/11/2021 às 01:38.
 (Amália Goulart/Hoje em Dia)
(Amália Goulart/Hoje em Dia)

A Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira (1º) 15 mandados de prisão e de busca e apreensão na operação Descarte, que investiga fraudes em contratos para limpeza urbana. Em Belo Horizonte, dois endereços são vasculhados. Ambos dizem respeito ao empresário Átila Reis Silva. Uma mansão no bairro Mangabeiras é alvo da ação.

Os federais possuem mandados para apreender cinco veículos de luxo, sendo duas BMW's, uma Ferrari, uma Mercedes-Benz e um Kadilac. No endereço, encontraram uma  BMW e uma caminhonete Hilux, que estava em nome da empresa de Átila. Ambos foram apreendidos. Os policiais encontraram ainda, em um lote vago nos fundos da mansão, a outra BMW e o Kadilac, que guardava no interior vários relógios.  Todos os veículos foram apreendidos. Existe a suspeita de que a mansão guarda fundos falsos, onde estariam escondidas várias obras de arte e documentos. Dois marceneiros dão suporte à operação. 

O empresário não foi localizado. Conforme as investigações, Reis Silva é o principal operador do esquema fraudulento.  A operação é um desmembramento da "Lava Jato" e tem base em São Paulo.  A advogada do empresário, que se identificou apenas pelo primeiro nome, Cristiane, informou que não poderia se pronunciar porque ainda não havia tomado conhecimento de todos os fatos. 

Além da capital mineira, a ação acontece também em Lamim, na Zona da Mata mineira, e nos municípios de São Paulo, Santos e Paulínia, todos no Estado paulista. No interior de Minas, o empresário possui uma fazenda em que costuma passar os finais de semana.

Em nota, a PF informou que "em regra, as empresas participantes do esquema simulavam a venda de mercadorias ao cliente do serviço de lavagem (de dinheiro), que então pagava por produtos inexistentes via transferências bancárias ou boletos (para dar aparência de legalidade à aquisição)".

BMW modelo X4 do empresário Átila Reis Silva

BMW modelo X4 do empresário Átila Reis Silva foi apreendida

"As quantias recebidas eram transferidas para diversas outras empresas de fachada, que remetiam os valores para o exterior ou faziam transferências para pessoas ligadas ao cliente inicial", afirma a PF.

A investigação revelou, ainda, que empresa concessionária de serviços públicos de limpeza no município de São Paulo, a maior cliente identificada, se valeu dos serviços ilícitos dessa rede profissionalizada de lavagem de dinheiro, tendo simulado a aquisição de detergentes, sacos de lixo, uniformes etc., entre os anos de 2012 e 2017.

"Assim, foram repassados mais de R$ 120 milhões para terceiros ainda não identificados. Uma das células do esquema criminoso remeteu ilegalmente parte dos valores para o exterior, em favor de funcionário público argentino e em conluio com operadores financeiros que vieram a ser presos posteriormente no âmbito da Operação 'Lava Jato'", afirma a PF.

Além disso, o grupo adquiriu vários veículos de alto luxo, como Ferrari, Maserati e BMW, todos registrados em nome de interpostas pessoas ("laranjas").

Nesta quinta, com os mandados judiciais busca-se a corroboração das provas dos crimes descobertos até o momento: lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação tributária e associação criminosa, bem com o aprofundamento das investigações para a coleta de indícios de autoria em relação aos crimes de corrupção ativa e passiva.

A polícia encontrou um Cadillac e outra BMW em um terreno baldio nos fundos da casa. Ambos foram revistados e apreendidos. Veja vídeo que mostra o momento em que o policial revista um dos veículos:

(*) Com Estadão Conteúdo

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