Pingo D’Água da Savassi não resiste à especulação imobiliária

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
05/12/2014 às 07:56.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:16
 (luiz costa - Hoje em Dia)

(luiz costa - Hoje em Dia)

Prestes a completar 35 anos, a tradicional Academia de Natação Pingo D’Água, na Savassi, fecha as portas nesta sexta-feira (5). A partir deste sábado, as duas piscinas de 20 x 8 metros instaladas há mais de três décadas no número 103 da rua Orange deixarão de receber 600 alunos para a prática esportiva.

Segundo o proprietário da escola, o empresário Paulo Marliere Filho, ficou impossível continuar nadando contra a corrente da especulação imobiliária, dos altos custos de manutenção, dificuldade de contratação de mão de obra especializada e, principalmente, pesadas taxas e tributos.

Na unidade Pingo D’Água do bairro Luxemburgo, que conta com 700 matriculados, as atividades continuam normalmente.

Vizinhos ao Pátio Savassi, os dois lotes que abrigam a academia e o estacionamento para clientes darão lugar a um empreendimento mix, com lojas voltadas para a rua Lavras, em frente ao mall, e edifício residencial com entrada pela rua Orange.

O prédio será erguido pela construtora M. Matos numa área total de 1.356 metros quadrados. Os valores não foram divulgados. Fontes do mercado imobiliário, entretanto, avaliam o metro quadrado do terreno na região em R$ 8 mil, o que daria um valor aproximado de R$ 10,8 milhões.

“A escola não chegou a dar prejuízo, mas ficou complicado tocar o negócio. Além disso, a cidade vai crescendo e fica mais difícil resistir às propostas de negociação. Mas a busca incessante por impostos por parte do poder público é o maior desestímulo”, aponta Marliere, que começou a carreira como professor de natação formativa no Minas Tênis Clube em meados dos anos 70.

Outro fator que o levou a jogar a toalha foi a falta de crédito. “Somente grandes empresas e multinacionais conseguem financiamentos em bancos públicos de desenvolvimento. E olha que vendemos saúde. Quando academias fecham, enchem os consultórios médicos”, dispara.

Um dos 23 funcionários da Pingo D’Água Savassi, o “faz tudo” Valdivino Pinheiro, que trabalha na empresa desde 1997, diz que a tristeza é compartilhada por alunos e vizinhos. “O pessoal que mora aqui perto diz que vai perder o oásis da região”, conta. Ele e outros empregados serão realocados na unidade do Luxemburgo.

Proprietário da construtora M. Matos, Moacir Matos adianta que o edifício terá apartamentos de dois quartos com 68 metros quadrados cada um. “O empreendimento será voltado para o público AAA. É um ponto espetacular, onde ofereceremos infraestrutura completa de lazer”, detalha. Segundo ele, o projeto está em processo de aprovação junto à Prefeitura de Belo Horizonte.

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