Em defesa da ditadura, Marcha da Família fracassa em BH

Aline Louise - Hoje em Dia
22/03/2014 às 18:42.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:47
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

A Marcha da Família com Deus II - O retorno, que defende a intervenção militar no país, teve adesão muito pequena em Belo Horizonte neste sábado (22). Cerca de 80 pessoas se concentraram em frente à 4ª Companhia de Polícia do Exército, na rua Juiz de Fora, e com cartazes pediam uma reedição do golpe de 1964, que chamaram de revolução.    Para eles, o país vive uma “ameaça comunista, desvalorização da família, impunidade, corrupção, uma situação de caos”, nas palavras de um dos organizadores do ato, Túlio Naves Batista, de 23 anos, que se identifica como pesquisador. Questionado sobre o regime repressor que os militares impuseram ao país, de 1964 a 1985, Túlio argumentou que “não houve uma ditadura”. Segundo ele, as pessoas que foram torturadas e mortas pelo governo, na época, eram “terroristas”.   Vítimas   “A ditadura matou muita gente, não só aqueles que pegaram em armas contra a repressão. Pelo contrário, fez muito mais vítimas desarmadas, simplesmente porque pensavam diferente. Houve uma ditadura sim, os direitos foram cassados, e isso não tem como negar”, contesta a historiadora da UFMG, Regina Helena Alves da Silva.    Durante a marcha, manifestantes tinham discurso saudosista, considerando o período militar como ordeiro, sem violência e corrupção. Mas a professora analisa que essa sensação de muitos que viveram naquela época decorre do fato de que o país estava sob censura. “A imprensa não podia noticiar nada”, diz.    “E a corrupção, conchavos políticos, infraestrutura precária, tudo isso que esses manifestantes criticam é fruto da ditadura. Muita coisa ficou paralisada no período e outras foram feitas com base em interesses de grupos, como a Transamazônica, um símbolo de corrupção”, conclui.

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