Executivo cita 'Bené' como arrecadador de Fernando Pimentel

Estadão Conteúdo
24/06/2015 às 09:12.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:37

Investigações da Operação 'Lava Jato' indicam que o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), enviou um emissário ao Rio de Janeiro, em 2013, para pedir recursos de campanha a uma das empreiteiras atualmente investigadas por cartel e desvio de recursos da Petrobras. A contribuição foi solicitada a Gerson Almada, da Engevix, por um arrecadador que ele identificou à Polícia Federal como "Bené".

O apelido é o mesmo do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, cuja família é dona da Gráfica Brasil, um dos fornecedores de Pimentel na disputa eleitoral de 2014 e investigado em outra operação da Polícia Federal - a Acrônimo - por suspeita de integrar um esquema de lavagem de dinheiro.

No mesmo inquérito também é alvo de investigação a primeira-dama de Minas, Carolina Oliveira. Bené chegou a ser preso no fim de maio, mas deixou a cadeia após pagamento de fiança.

O Acrônimo começou depois que Bené e um outro colaborador de campanha do petista foram detidos em outubro de 2014 ao desembarcar de um avião em Brasília com R$ 113 mil em dinheiro. O voo partira de Belo Horizonte. Na semana passada, a PF pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de um inquérito para apurar suspeitas de envolvimento de Pimentel no esquema.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, um dos investigadores da Lava Jato informou nesta terça-feira, 23, que a PF fará averiguações para confirmar se o arrecadador enviado à reunião com o empresário da Engevix é Benedito de Oliveira. A referência a "Bené" aparece numa agenda que lista encontros de Almada no ano de 2013. Na página referente a 5 de dezembro, consta a anotação "Bene/Pimentel".

Questionado pela PF a respeito, Almada disse em depoimento prestado em abril deste ano que recebeu uma visita no escritório da Engevix, no Rio, "de uma pessoa que conhece pelo nome de Bené, tendo este solicitado apoio financeiro para a campanha de Fernando Pimentel, candidato do PT".

O advogado de Pimentel, Pierpaolo Bottini, disse que o governador desconhece qualquer fato relacionado ao caso. "Isso estranha muito ao governador, uma vez que a única pessoa que estava autorizada era o tesoureiro. Além disso, não consta doação dessa empresa para a campanha de Pimentel", afirmou Bottini.

 

Ministro

Na época em que Almada foi procurado, Pimentel comandava o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, mas já era pré-candidato ao governo de Minas. Ele deixou o cargo em fevereiro de 2014 para se preparar para as eleições, nas quais foi eleito em primeiro turno.

No depoimento, o executivo da empreiteira não deu mais detalhes sobre o emissário que pediu a ajuda financeira. Aos investigadores, disse que não "forneceu o auxílio pretendido".

Dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram, no entanto, que a Engevix doou R$ 190 mil em 2014 ao PT nacional que, por sua vez, fez repasses ao comitê do partido em Minas. Na prestação de contas da campanha de Pimentel não consta doação da Engevix.

A reportagem entrou em contato com Celso Lemos, que respondia como advogado de defesa de Bené na Operação Acrônimo, mas foi informada que o advogado deixou ontem o caso. Por esse motivo, a reportagem não conseguiu contato com a defesa do empresário.

O advogado de Almada, Antônio Sérgio Pitombo, disse que não falaria sobre o assunto. 

 

Resposta

O diretório estadual do Partido dos Trabalhadores enviou nota à redação do jornal HOJE EM DIA respondendo à reportagem. Confira a nota, na íntegra:

"Com relação à matéria intitulada 'Executivo cita empresário ligado ao PT como arrecadador de Pimentel', publicada na edição desta quarta-feira (24/06), refutamos com veemência as acusações infundadas e as demais ilações dispostas no texto.

Inicialmente, é de suma importância esclarecer que não houve doação da empresa citada à campanha eleitoral que elegeu Fernando Pimentel ao Governo de Minas Gerais, fato este que demonstra de forma inequívoca a fragilidade da suposta acusação.

Cabe ressaltar ainda que todos os temas relativos a este assunto, no âmbito da campanha eleitoral de 2014, estavam sob estrita e exclusiva responsabilidade da tesouraria da coligação, formalmente constituída para esta função. Causa enorme estranheza, portanto, que o jornal tenha se eximido de levantar esta importante informação.

Reafirmamos a plena confiança de que as investigações atestarão a improcedência desta ilação. Lamentamos, por fim, o fato de que a reportagem tenha buscado fazer inferência direta entre suposições inverídicas e o governador do Estado de Minas Gerais.

Cida de Jesus Presidente do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais"   O jornal HOJE EM DIA respondeu aos questionamentos feitos pelo PT mineiro:   "À Presidente do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais Cida de Jesus   Em relação à resposta enviada em nome de V.Sa. a esta redação em e-mail de 24 de junho, às 14:55, esclarecemos que:   1 - Não há matéria intitulada "Executivo cita empresário ligado ao PT como arrecadador de Pimentel" nem na edição de hoje (24 de junho de 2015) da versão impressa, nem na versão digital e nem mesmo no site do jornal Hoje em Dia.   2 - A reportagem que temos em nosso site, referente ao assunto em pauta, é intitulada "Executivo cita 'Bené' como arrecadador de Fernando Pimentel" e foi produzida, apurada e redigida pela Agência Estado/Estadão Conteúdo, conforme está assinado no texto publicado em nosso portal. O jornal Hoje em Dia, assim como qualquer outro jornal do país, assina conteúdo de diversas agências para complementação de seu próprio conteúdo. O uso das reportagens é regulamentado por contrato.    3 - Uma leitura atenta poderá esclarecer que em nenhum momento a reportagem do Estadão reproduzida pelo site do Hoje em Dia diz que houve doação da empresa Engevix à campanha do PT em Minas.   4 - Ao contrário do que diz a nota enviada à redação, a matéria publicada informa, sim, por meio do advogado de Pimentel, que a arrecadação de campanha estava a cargo do tesoureiro do partido.   5 - Também ao contrário do que diz a nota do PT, a reportagem não faz "...inferência direta entre suposições inverídicas e o governador do Estado de Minas Gerais.". A reportagem, na verdade, reproduz o conteúdo de um depoimento prestado à Polícia Federal em um processo onde o sr. Benedito Rodrigues de Oliveira figura como réu.   Como ocorre em todas as reportagens publicadas pelo jornal Hoje em Dia, sejam produzidas pela equipe própria do jornal ou reproduzidas a partir do conteúdo de agências de notícias, todos os lados foram ouvidos e suas posições constam do texto publicado.    Colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários."  
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