Jango será enterrado como ex-presidente nesta sexta-feira

Elder Ogliari
05/12/2013 às 19:33.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:35

O corpo do ex-presidente João Goulart será enterrado pela segunda vez, agora com as honras de chefe de Estado que não teve na primeira, nesta sexta-feira (6), em São Borja, a 630 quilômetros de Porto Alegre, na fronteira do Brasil com a Argentina. O ato será acompanhado pela viúva Maria Thereza, os filhos João Vicente e Denize e netos de Goulart, que morreu há exatos 37 anos, em 6 de dezembro de 1976. O prefeito Farelo Almeida decretou feriado para que os interessados acompanhem a cerimônia e o cortejo. São Borja tem 62 mil habitantes.

A família Goulart quer que os simpatizantes do ex-presidente possam homenageá-lo com tranquilidade e desvincula o segundo enterro de um ato político. "A preocupação é que as despedidas não se tornem um palanque", admitiu João Vicente em entrevista à Rádio Estadão. "Todos os dirigentes (partidários) serão bem recebidos, mas que não se pense em palanque político, isso não vamos permitir".

No primeiro enterro, em 1976, os militares permitiram que o corpo de Goulart entrasse no Brasil por Uruguaiana e fosse levado em alta velocidade, por 200 quilômetros, até São Borja, onde o caixão deveria seguir rapidamente para o cemitério Jardim da Paz. O veículo teve de reduzir a velocidade e acabou parando em meio à multidão postada diante da Igreja Matriz São Francisco de Borja. Depois de velar o corpo no templo, os admiradores do ex-presidente levaram o caixão até o cemitério a pé, quando a ordem era que seguisse em carro fúnebre.

Goulart foi deposto em 1964 pelo regime militar que se instalava no país e partiu para o exílio. Morreu em 1976 em sua fazenda em Mercedes, na Argentina. Como não houve autópsia, a tese de um assassinato sempre foi ventilada junto com a versão oficial de enfarte. Neste ano, a pedido da família, a Comissão Nacional da Verdade decidiu exumar os restos portais para tentar esclarecer a causa e, ao mesmo tempo, dar um enterro de chefe de Estado ao ex-presidente.

O caixão foi retirado do jazigo da família no dia 14 de novembro e levado a Brasília. Os peritos recolheram amostras para análise, mas não indicaram quanto apresentarão suas conclusões. Havia um compromisso da Comissão de devolver os restos mortais a São Borja, cidade natal de Goulart e também do ex-presidente Getúlio Vargas.

Nesta sexta-feira, os restos mortais serão levados de Brasília para a cidade fronteiriça em voo da Força Aérea Brasileira. Devem chegar por volta das 11h e permanecer na igreja até a metade da tarde. Depois de uma cerimônia religiosa, com início previsto para às 14 horas, o caixão será levado em cortejo ao cemitério. O segundo sepultamento está marcado para às 16 horas.

São Borja abriga os restos mortais de quatro personagens históricos do trabalhismo brasileiro. No mesmo jazigo da família Goulart repousa o ex-governador do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro Leonel Brizola. Em um túmulo ao lado está Gregório Fortunato, que foi chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas. E na Praça 15 de Novembro, a poucas quadras, estão os restos mortais do ex-presidente Getúlio Vargas, depositados em um memorial.
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