Marchinhas políticas dominam os desfiles dos blocos da capital

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
10/02/2013 às 07:26.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:53
 (Toninho Almada)

(Toninho Almada)

Da irreverência presente nas letras à sátira para se discutir política. Os cerca de 30 blocos de Carnaval de Belo Horizonte reproduzem em suas marchinhas marcas de um humor afiado, participativo e questionador. O movimento é recente. Há menos de sete anos, o número de blocos carnavalescos e foliões em Belo Horizonte era tão pequeno que podia ser contados nos dedos. Porém, se antes a cidade ficava praticamente às moscas, hoje, os tempos são outros. Tradicionalmente, as marchinhas sempre incorporaram a crônica e a crítica política. E não capital não é diferente.    Mas, só em 2011, após seguidos escândalos na Câmara, elas passaram a abordar e fazer referência à política local, motivando até a criação de um concurso de marchinhas.    Naquele ano, o vencedor do concurso embalou o Carnaval 2012 com o hit “Na coxinha da madrasta” – sátira ao presidente da Câmara, Léo Burguês (PSDB), que teria gasto R$ 62 mil de verba indenizatória em lanches comprados no buffet pertencente à madrasta dele.   “De lá pra cá, as coisas mudaram e o Carnaval em Belo Horizonte se aprimorou. Há uma tendência real de se discutir política em qualquer lugar: seja em casa, no trabalho ou até no Carnaval”, comenta o cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais, José Luiz Quadros de Magalhães.   Autor de uma das músicas finalistas do concurso deste ano – “Enquanto a polícia não vem” –, o músico Pablo Castro destaca que a marchinha, desde os primórdios do Carnaval, vale-se da ironia, do pastiche e do eufemismo. “São elas que deram voz popular contra os poderosos. Desde Lamartine Babo (1904-1963) é assim”, diz Castro, citando o compositor carioca. “No contexto específico de Belo Horizonte, a marchinha é o veículo ideal para se dizer publicamente o que de outra forma não se tem permitido”, alega.   Para o músico, esse estilo musical deve ser encarado como uma charge. “A importância dela advém justamente da demanda por liberdade de expressão política”, diz.   Trema   Um dos fundadores do bloco Trema na Linguiça, o empresário Carlos Rocha defende as marchinhas com temas políticos. “Só que é preciso haver diversidade. Carnaval é tempo de alegria e criatividade. O nosso bloco prefere as letras que falam do cotidiano. É claro, sem deixar a ironia de lado. Mas há espaço para todo mundo”, diz.   Leia a matéria completa na Edição Digital

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