Na Câmara, Kalil rebate acusações sobre troca de favores: 'Vou comprar vereador por R$ 16 mil?'

Fábio Corrêa
fcaraujo@hojeemdia.com.br
23/03/2018 às 13:21.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:59
 (Rodrigo Clemente / PBH)

(Rodrigo Clemente / PBH)

O prefeito Alexandre Kalil (PHS) aproveitou a presença na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), na manhã desta sexta-feira (23), para desqualificar denúncias recentes do vereador Gabriel Azevedo (PHS) de que o Executivo teria utilizado pagamentos feitos através da Empresa Municipal de Turismo (Belotur) para manter os parlamentares fiéis à base. "Vou comprar vereador por R$ 16 mil? Tem que tomar vergonha quem fala isso. Se eu der pro meu filho caçula R$ 16 mil para me obedecer, ele não me obedece", alfinetou o prefeito, em coletiva de imprensa após a prestação de contas sobre o primeiro ano de mandato. Kalil também disse que não teria problemas em responder a futuras acusações junto ao Ministério Público. "Todo mundo é investigável. É só levar a denúncia e a Justiça aceitar que nós vamos responder", enfatizou o prefeito, antes de voltar a cutucar outra vez o correligionário. "Esse negócio de jogar a vida dos outros no lixo, ao léu, isso acabou. Tanto que quem está julgando é quem está sendo processado. Não os que foram julgados", complementou. Gabriel Azevedo não esteve entre os onze parlamentares que acompanharam a prestação de contas de Kalil. O Hoje em Dia tenta contato com o vereador desde terça-feira (20). Na manhã desta sexta-feira, novamente, as ligações da reportagem não foram atendidas por Azevedo. Entenda o caso Há duas semanas, o vereador Gabriel Azevedo (PHS), que rompeu com Kalil após coordenar a campanha vitoriosa do correligionário em 2016, divulgou, nas redes sociais, áudios de um telefonema com o secretário municipal do Desenvolvimento, Daniel Nepomuceno. Na conversa, Azevedo diz que ouviu de Jair di Gregório (PP) – que tampouco compareceu à Câmara nesta sexta –, que a Belotur estaria pagando uma especíe de "mensalinho" para manter parlamentares atuando em favor do Executivo.  O vereador do PHS também diz no áudio que o filho de Jair di Gregório, Jairzinho, de 18 anos, estaria jogando na base do Atlético por interferência do chefe do Executivo, ex-mandatário do clube alvinegro. Já  Azevedo foi acusado por di Gregório e outros vereadores da base de estar prestando propaganda eleitoral extemporânea, a partir de informações de uma matéria da "Folha de S.Paulo", publicada em 11 de março, que diz que o parlamentar do PHS presta assessoria jurídica e de comunicação a potenciais candidatos por meio do Instituto de Inteligência Política (IIP).  Um dia depois da publicação da reportagem, Gabriel foi pessoalmente ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) protocolar um pedido para que ele próprio seja investigado por campanha extemporânea e financiamento empresarial. Jair di Gregório também pediu a abertura de um processo, na Câmara, contra Azevedo por quebra de decoro parlamentar por "difamação de mentiras" na tribuna da Casa. Se aceito, o processo pode resultar em uma suspensão do mandato ou até mesmo na cassação do vereador do PHS. Resposta de Gabriel Azevedo A reportagem conseguiu contato com o vereador às 18h11 desta sexta-feira, que disse que as requisições para esclarecimento junto à Belotur na Câmara, não foram aceitos por membros da Casa. "Há inúmeros pedidos para que o presidente da Belotur venha à Câmara Municipal se explicar sobre as dúvidas que existem sobre os eventos de até R$ 16 mil reais. Todos esses pedidos foram negados por alguns vereadores. Não adianta dar declarações de um jeito e agir de outro. Se está tudo certo na Belotur, por qual razão todo pedido de esclarecimento sobre a questão não é respondido e os convites para esclarecimentos são barrados?", questionou Azevedo. Sobre a ausência dele e dos outros parlamentares, o vereador do PHS disse que não foi notificado sobre a prestação de contas de Kalil ao Legislativo. "O aviso da reunião foi publicado no fim da tarde de ontem (quinta-feira) no site sem aviso aos parlamentares. Vários colegas, como eu próprio, só souberam na manhã de hoje. Eu já tinha outras reuniões marcadas que teria de cancelar para presenciar a visita-supresa. Se havia desejo de presença dos parlamentares, certamente haveria preocupação em avisar todos com maior antecedência", disse. O presidente da Câmara, Henrique Braga (PSDB), não quis comentar. A assessoria da Casa, no entanto, afirmou, nesta segunda-feira, que foram seguidos todos os requisitos legais relativos à prestação de contas do prefeito.     

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