Parlamentares criticam decisão da PGR de suspender delação da OAS após vazamento

Estadão Conteúdo
23/08/2016 às 21:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:31

Parlamentares da oposição e da base aliada do presidente em exercício, Michel Temer, criticaram nesta terça-feira (23) a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de suspender as negociações do acordo de delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e de outros executivos da empreiteira.

Janot determinou a suspensão após vazamento de informações sobre conversas entre Pinheiro e os investigadores da Operação 'Lava Jato', citando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli. No fim de semana, a revista Veja revelou que Toffoli é citado na proposta de delação do ex-dono da empreiteira.

"Essa decisão leva o brasileiro a entender que a cidadania é diferente para todos. Quem deveria estar dando o exemplo não está", criticou o líder do PSB na Câmara, deputado Paulo Foletto (ES). Para o parlamentar, o Judiciário deveria, "no mínimo", ter checado se procede o envolvimento de Toffoli, antes de suspender as negociações da delação.

"Se eu for citado, serei investigado. Por que um ministro do STF também não pode?", afirmou. Foletto disse que a suspensão determinada pela PGR deixa o caso sem conclusão. "Se a cidadania é normal para todo mundo, deveria investigar. Se a cidadania é igual para todo mundo, é de se estranhar a suspensão da delação", acrescentou.

O líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), também considerou a decisão da procuradoria "controversa". "É uma coisa meio controversa. Como ficarão as outras delações? Como fica a delação da Odebrecht (que teve alguns trechos da negociação vazados)?", afirmou o parlamentar.

Investigado no âmbito da Operação Lava Jato, o líder do PP na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), também cobrou tratamento isonômico para todos os citados. "Por que quando vaza informação contra políticos não suspende e com ministros do STF suspende?", questionou.

O deputado Wadih Damous (PT-RJ) afirmou que pretende convidar o procurador-geral da República a vir à Câmara explicar a suspensão das negociações de delação. "Não achei correta a decisão dele. Não havia por que suspender", disse o petista, que é bastante próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Damous também criticou o que chamou de "indignação seletiva" do ministro do STF Gilmar Mendes, que criticou o vazamento das informações sobre Toffoli e acusou a PGR de ter vazado. "Ele não pode se indignar apenas quando são os amigos dele", disse. Janot classificou de "especulação" a acusação de que o MP vazou termos do acordo de delação da OAS.

O vazamento das informações do acordo de delação da OAS deixou Janot muito incomodado, segundo fontes ligadas à PGR. Para integrantes do Ministério Público, a divulgação das informações soa como uma tentativa de pressionar a instituição a celebrar o acordo, que pode beneficiar Léo Pinheiro.

A delação de Léo Pinheiro tem sido uma das negociações mais complicadas na Lava Jato, mas nas últimas semanas a negociação avançou após a assinatura de um acordo de confidencialidade entre as partes. Agora, com a suspeita de quebra de sigilo, as tratativas foram interrompidas.Leia maisGreve do Itamaraty tem adesão de mais de 60 postos no exterior, diz sindicatoPresidente da Câmara dos Deputados cobra prestação de contas do Rio-2016Juízes no Brasil ganham mais que nos Estados Unidos
http://www.estadao.com.br

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por