Policiais agiram a pedido de terceiros, diz PF em referência a senadores

Estadão Conteúdo
21/10/2016 às 14:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:19
 (Agência Brasil)

(Agência Brasil)

Documentos da Operação Métis, da Polícia Federal, sustentam que os quatro policiais legislativos presos nesta sexta-feira (21) integram uma organização criminosa que agiu "com infração do dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, inclusive de quem não mais exercia mandato de senador", para embaraçar as investigações na Operação Lava Jato. Os agentes fizeram varreduras em imóveis para detectar escutas e tentaram intimidar policiais federais para blindar de apurações os senadores Fernando Collor de Mello (PTC-AL), Edison Lobão (PMDB-MA) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), além do ex-senador José Sarney (PMDB-AP).

Nos documentos, o diretor da Polícia do Senado Pedro Ricardo Araújo de Carvalho é descrito como líder da "organização criminosa", tendo ordenado diligências aos outros três presos não só no prédio do Senado, mas em diversas residências e escritórios dos políticos.

As varreduras ocorreram em 2014 e 2015, após os congressistas serem implicados na Lava Jato.

A ação, autorizada pela 10ª Vara da Justiça Federal, investiga somente as condutas dos policiais. Se encontrados elementos de envolvimento em crime dos senadores, que têm foro privilegiado, o caso será enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O juiz Vallisney de Souza Oliveira, que autorizou as prisões, considerou os fatos gravíssimos. Ele entendeu que as medidas eram necessárias para facilitar a colheita de provas e evitar que os policiais legislativos, treinados em contrainteligência, eliminassem provas e usassem outras estratégias para atrapalhar as apurações. Outro objetivo é colher os depoimentos dos agentes sem dar margem à combinação de versões.

As prisões são pelo prazo inicial de cinco dias, mas o juiz autorizou a PF a liberar os investigados antes disso, caso entenda que o encarceramento não é mais necessário.

A PF atribui aos policiais legislativos os crimes de corrupção passiva privilegiada e de impedir ou embaraçar investigação que envolva organização criminosa.

Advogados do Senado informaram que ainda estão levantando dados da investigação para se pronunciar.

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