Povoado em cidade mineira sob risco de explosivos

Amaury Ribeiro Jr. e Rodrigo Lopes
13/11/2012 às 12:34.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:14

Moradores do povoado de Casquilho, em Conceição do Pará, no Centro-Oeste mineiro, estão estarrecidos com a mineradora Jaguar Mining, que explora o ouro na mina de Turmalina. A irresponsabilidade no manuseio do explosivo faz com que destroços de rochas atinjam casas e sítios vizinhos da mina.

Perigo

Há três meses, a exploração por dinamite causou pânico no proprietário de um sítio que fica no fundo da mina. Pedras de mais de 10 quilos foram jogadas em seu campo de futebol.

Recorrente

Há três anos, a exploração do ouro pela Jaguar Mining provocou a seca do poço artesiano que abastece o povoado de Casquilho, com cerca 1.000 habitantes. Os moradores ficaram sem água por seis meses, período no qual a mineradora teve que ceder à população um caminhão-pipa para abastecer as casas.

Mais problemas

A mineradora MMX, de propriedade do bilionário Eike Batista, está tirando o sono dos artesãos e moradores do povoado de Pedras, Medeiros e Rio São João, em Itatiaiuçu, a 90 quilômetros de Belo Horizonte.

Caçada

Empreiteiras contratadas pela mineradora investem duro na tentativa de adquirir as terras dos artesãos e donos de chácaras do município. Há mais de um século, os artesãos ganham a vida com a fabricação de tapetes arraiolos, que são vendidos às margens da rodovia Fernão Dias.

Acordo

A MMX comprou de outra mineradora uma autorização concedida pelo Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) para pesquisar e explorar os minerais em todo o subsolo da região. Mas, para levar os planos de exploração adiante, depende ainda de um acordo comercial com os donos de chácaras no município.

Mais terras

A empreiteira já obteve uma fazenda de 400 hectares às margens da Fernão Dias e investe agora para conseguir comprar as pequenas propriedades.

Aviso

As empreiteiras informaram aos moradores que as áreas serão alagadas com a construção de uma represa.

Lavagem

O enorme lago, que inundaria parte das terras de Itatiaiuçu e Itaúna, será utilizado para lavar o minério de uma mina que a MMX mantém junto com chineses no município vizinho de Igarapé.

De olho

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que tem atritos com a MMX em outros Estados, observa atentamente os casos. Além de Itatiauçu e Itaguara, a MMX investe em terras nos municípios de Boa Esperança (Sul) e Conceição de Mato Dentro, na região da Serra do Cipó. Mas coleciona atritos com outros moradores e o Ministério Público no Rio, na Amazônia e no Pantanal.

Resistência

Descendentes de artesãos e pequenos trabalhadores rurais, os proprietários de pequenas glebas em Itatiauçu prometem reagir até o fim à nova fúria imobiliária do bilionário. Eles dizem que preferem morrer afogados a venderem as suas terras.

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