Prefeito e Câmara em Rio Acima em pé de guerra no pré-carnaval

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
10/02/2014 às 07:45.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:55
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Quem vai brincar o Carnaval em Rio Acima, atenção aos ensaios do Tomate na Cabeça, a frente políticamente incorreta travestida de bloco de foliões na rede social. Na véspera do Natal, o plenário da Câmara decidiu, por sete votos a dois, instaurar nova Comissão Processante (CP) para investigar atos de improbidade administrativa do prefeito Antônio César Pires de Miranda Júnior (PR).Na primeira reunião ordinária deste ano, a Casa acatou seis denúncias contra o prefeito e o aliado que presidiu a primeira CP, Renato Cosenza (PTB).


Eles serão investigados por seis comissões, com três membros cada uma sorteados na cumbuca. Não se prevê o mesmo fim da primeira CP que não votou dois processos de cassação, um contra o prefeito e outro contra o relator da nova comissão.Em relação ao mandato, eu não estou tranquilo”, admitiu o prefeito, denunciado por infração político-administrativa e impedir o funcionamento regular da Casa.


“A população espera uma resposta. Não vamos perder o prazo”, disse o relator da CP, Rossoni Justino da Silva (PDT), referindo-se ao processo anterior. Com isso, disse, o prefeito teve três denúncias arquivadas pelo Ministério Público.

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Contra o aliado do prefeito e filho do ex-prefeito Marconi pesam denúncias por infração político-administrativa. Renato Cosenza não foi localizado para comentar o ocorrido. O plenário vai apreciar o relatório final da CP. São exigidos seis votos para cassar o prefeito e o vereador.


“O prefeito achava que governaria a cidade sem precisar dos vereadores”, disse Rossoni, agredido durante sessão legislativa em 2013. “Fui o alvo da agressão com ovo e tomate, tudo a mando dele”. Sobre a confusão, o prefeito disse em rede social que repudia o protesto violento.


O vereador chama de “o maior absurdo” o lançamento do carnavalesco Tomate na Cabeça com o apoio do prefeito. “O prefeito postou foto no facebook com o agressor que coordena o bloco. Ele quer confronto com a Câmara. É o que ele quer”.

 

MP investiga furo de R$ 14 milhões na Previdência

O prefeito atribui a crise política à auditoria que enviou ao Ministério Público (MP), o que despertou o ódio dos ex-prefeitos e a ira de vereadores supostamente envolvidos em irregularidades como o rombo de R$ 8 milhões da Rioprev entre 2007 e 2011.


Uma ex-funcionária foi ouvida pela Polícia Federal na última semana. “Em Rio Acima três famílias se alternaram no poder durante 60 anos. Brigam na eleição, depois pulam para dentro da prefeitura”, disse o prefeito, que enumerou gastos mensais de R$ 80 mil com caminhão-pipa, de R$ 70 mil em estradas vicinais e de R$ 340 mil com a coleta de lixo. “Agora o custo o lixo é de R$ 190 mil. Reduzi o auxílio-funeral de R$ 2.200 para R$ 900”.

Oferta

“Tenho 68% de aprovação popular e 100% dos vereadores contra”, disse, deixando escapar a oferta de cargos e secretarias para frear o movimento. Responsável pela maioria das denúncias, o dirigente do PV e ex-vereador Agostinho Félix frisou que a Câmara não tem acesso às contas da prefeitura e fica impedida de analisar as necessidades da população. “O último balancete financeiro foi apresentado em junho”, assentiu o relator da CP.

Segundo Félix, o projeto de Lei Orçamentária 2014 foi remetido para análise e votação com 120 dias de atraso. O prefeito reclama de projetos parados há sete meses na Casa. O decreto que instituiu o Núcleo Gestor para o processo de revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal rende críticas, por contrariar a Lei Orgânica do Município que prevê a criação do Conselho da Cidade.“Estamos seguindo a legislação”, devolve o prefeito, que não convocou a Conferência Municipal de Política Urbana em 2014.

- Em denúncia à Câmara, a comerciante Florrans Moraes Viana requer medidas quanto a irregularidades em ruas do bairro Cerâmica e no condomínio Trilhas do Ouro. Faltam alvarás e processos de aprovação de projetos das construções. “O dono desses locais é o prefeito”.

- O Plano Plurianual 2014-2017 prevê a construção de ponte sobre o Rio das Velhas bem longe do perímetro urbano para desafogar o trânsito. A obra a ser paga com dinheiro público dará acesso ao empreendimento imobiliário que lançou antes de ser eleito e foi contestado na Justiça. “Vamos criar um novo vetor de crescimento no município”, justifica.

- Mesmo com a perspectiva de expansão urbana, moradores criticam que os caminhões de minério e veículos de transporte de pessoal continuarão utilizando a velha ponte central. A ponte será “o tiro de misericórdia para os comerciantes do centro”, que estimam prejuízos pois o morador dos residenciais de luxo deixará de fazer compras no centro ao pegar o “atalho” para suas casas na volta do trabalho em BH.

- O presidente da Câmara, Ivanildo Adriano da Rocha (PP), disse que Junior Geloso e Renato Cosenza terão amplo direito à defesa e que dará a devida resposta ao prefeito e à população “em cima do parecer jurídico” da CP. “Fomos eleitos para fiscalizar o Executivo e dar satisfações para o povo. Vamos aguardar se cabe punição ou absolvição. Se tiver algum erro vai haver condenação”.

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