Reitor da UFF diz que Lei de Cotas é retrocesso

Isabela Vieira - Agência Brasil
19/10/2012 às 19:14.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:23

RIO DE JANEIRO - O reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Roberto Salles, disse nesta sexta-feira (19)  que a Lei de Cotas é um retrocesso por beneficiar alunos de escolas públicas em condições de competir com estudantes de colégios privados. Em entrevista à imprensa, ele divulgou nota criticando a complexidade da seleção imposta pela  nova lei e anunciando ações afirmativas paralelas.

Além de destinar 12,5% das 9,6 mil vagas anuais a estudantes que cursaram ensino médio em qualquer escola pública conforme consta na lei, a UFF separará 10% de vagas para alunos de colégios municipais e estaduais. Desde 2007, a universidade tem cotas para esses alunos por considerá-los menos favorecidos. Em 2013, as vagas chegariam a 25%.

“Todo mundo sabe que colégios federais como o Pedro II, militares, escolas técnicas e colégios de aplicação  preparam tão bem quanto as escolas privadas. Que chance vão ter de entrar na universidade os alunos formados pelos estados e municípios com esse ensino básico que temos?”, questionou Salles. “Essa lei provoca uma dificuldade para esses alunos”.

O reitor Roberto Salles também criticou a complexidade da Lei de Cotas, que exigirá um cruzamento de dados para selecionar alunos com base na renda e na raça (pretos, pardos e indígenas).  A meta é chegar a  50% de vagas para cotistas até agosto de 2016. “É uma coisa sofisticada. Até eu, lendo a lei, tenho dúvidas. Estamos preocupados”, disse o reitor.

Para oferecer programas assistenciais que estimulem a permanência do aluno cotista na universidade, como bolsa de estudo, alimentação, transporte e aulas de reforço, Salles quer que seja triplicado o orçamento do  Programa Nacional de Assistência Estudantil. Para 2013, ele pede mais R$10 milhões, que se somarão ao orçamento de R$ 25 milhões da instituição.

Para os próximos anos, a UFF antecipou que criará uma segunda fase do vestibular. Hoje a seleção é feita pelo Sistema Único de Seleção (Sisu), com base nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio. “Pensamos em uma prova dissertativa específica para cada área, até para ver o nivelamento dos estudante na nossa concepção. Mais para a frente vamos detalhar”, explicou Salles.

Procurado, o Ministério da Educação não respondeu à Agência Brasil até a publicação da matéria.

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