Saúde e educação são os grandes desafios para os gestores eleitos

Aline Louise - Hoje em Dia
06/10/2014 às 08:40.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:29
 (leonardo morais)

(leonardo morais)

A saúde é a principal preocupação dos brasileiros, conforme apontam as pesquisas. Consequentemente, é um dos principais desafios dos futuros gestores do país, eleitos neste domingo (06). As medidas para sanar os inúmeros problemas no setor passam por investimentos em infraestrutura e tecnologia, planejamento estratégico, valorização dos profissionais, redução das desigualdades regionais, melhorias nos indicadores sociais e, sobretudo, aumento dos recursos destinados à área, conforme especialistas ouvidos pelo Hoje em Dia.   A professora da Faculdade de Medicina da UFMG, integrante da diretoria da Associação Nacional de Saúde Coletiva (Abasco), Eli Iola Gurgel Andrade, avalia que a saúde pública melhorou muito no Brasil, desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir da Constituição de 1988. Até a criação do SUS, o financiamento da saúde vinha quase totalmente do governo federal. A criação do sistema redistribuiu a responsabilidade entre União, estados e municípios, mas isso não significou aumento da participação dos recursos públicos no setor.   “O sistema foi municipalizado e o nível federal foi se desresponsabilizando do financiamento e da organização do sistema nacional de saúde. Chegamos hoje a uma situação preocupante. Atualmente, 8,9% do PIB é investido em saúde, somando a cota pública e privada. Desse total, a União, estados e municípios ficam com cerca de 45%. Deste gasto público, aproximadamente a metade é da União, que centraliza a grande parte dos impostos, o restante é dividido entre os outros entes federados. Os outros cerca de 55% dos gastos com saúde no Brasil são privados”, explicou Iola.   Pela legislação, municípios e estados devem investir, respectivamente, 15% e 12% da arrecadação em saúde. Para a União, o parâmetro é o que foi gasto no setor em 1998, corrigido anualmente pela taxa do crescimento do PIB. “Isso representa um percentual pequeno para a saúde, que aumenta pouco, porque ao longo desses anos nosso PIB cresce modestamente. De modo que se a gente compara o que era gasto federal hoje e na década de 90, reduziu quase à metade. E os municípios e estados começaram a gastar mais”, observou a professora.   Segundo ela, os 8,9% do PIB investidos em saúde no Brasil representam praticamente o mesmo percentual que a Inglaterra aplica no setor. Contudo, lá, cerca de 80% desse recurso é público. “O governo precisa dobrar o que gasta em saúde, para se equiparar ao sistema inglês, que inspirou o nosso”, disse.    EDUCAÇÃO   Valorização dos professores, ampliação do acesso a creches, redução das desigualdades de condições entre alunos, articulação entre ensino médio e ensino profissionalizante, universalização do acesso à escola. Estes são alguns dos desafios na área da educação postos aos eleitos. Embora cerca de 95% dos jovens com idade entre 7 e 16 anos frequentem a escola, de acordo com o IBGE, e as avaliações de desempenho apontem consecutivas melhoras na qualidade do ensino, o Brasil ainda tem uma longa estrada a percorrer.   O caminho das pedras está traçado no Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece 20 metas para educação nacional, a serem atingidas num prazo máximo de 10 anos, entre elas universalizar o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas.    “O desafio ainda é grande, principalmente se pensarmos que a agenda colocada pelo PNE foi cumprida no século passado por muitos países, inclusive da América Latina. Não tem grandes inovações, é uma agenda bem básica de acesso e qualidade”, diz a gerente da área técnica do Movimento Todos pela Educação, Alejandra Meraz.

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