Temer articula criação de base de sustentação

Giulia Mendes
gandrade@hojeemdia.com.br
26/04/2016 às 19:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:08


A admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado, que implicaria no afastamento temporário da presidente, por si só, não significa que Michel Temer (PMDB) conseguirá sustentação para governar o país. Tudo indica que o vice terá dificuldades para amarrar apoios e montar uma base consistente no Congresso. 

 Por enquanto, além do PMDB, somente PP e PR confirmaram a aliança com Temer. Juntos, os partidos somam 152 deputados na Câmara. Para se ter ideia, para aprovar uma proposta de emenda à Constituição na Casa são necessários 308 votos. Já os projetos de lei complementar precisam de 257 votos favoráveis, maioria absoluta dos deputados.

 PSDB e PSB ainda não se decidiram. A participação dos tucanos num eventual governo Temer divide o partido. De um lado, Aécio Neves (MG) e o governador paulista Geraldo Alckmin se dizem contra a sigla ter cargos em um futuro governo do peemedebista. Do outro, o senador José Serra (SP) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já se declararam a favor. Aécio defendeu ontem que Temer deve tratar em nível institucional a participação de tucanos em seu “eventual futuro” governo.

Segundo o tucano, a direção da legenda “não deverá se opor” a essas participações. “Se amanhã o presidente Michel Temer optar por querer nossa participação, deverá fazer institucionalmente com a direção do partido, que não deverá se opor”, disse o tucano após reunião de quase três horas com a bancada do PSDB na Câmara para discutir como a legenda se portará em um eventual governo do peemedebista.


Amanhã, a direção executiva do PSB, partido que conta com 33 deputados federais, se reunirá para definir uma posição sobre a possível administração Temer. A maioria do colegiado defende que o partido não deve participar com cargos caso Temer assuma. Os partidos estariam receosos quanto a uma possível cassação de toda a chapa de Dilma pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O PP, que até pouco tempo integrava a base de sustentação da presidente Dilma Rousseff, mas desembarcou do governo e votou na Câmara a favor da abertura do impeachment, já se decidiu e quer uma participação que leve em conta seu “tamanho” no Congresso. O grupo hoje é composto por 47 deputados. 


“Queremos ser tratados de maneira compatível com o tamanho da nossa bancada, coisa que não ocorreu no governo Dilma”, afirmou o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do partido, em entrevista na semana passada. Segundo o deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG), é certo que a legenda vai fazer parte da composição do “novo governo”, mas os cargos que o PP deve ocupar ainda não foram definidos.

“Com certeza vamos apoiar o novo governo. Nosso espaço já está assegurado. A grande maioria de parlamentares do PP, quase que absoluta, concorda com essa decisão”. O mesmo dizem representantes do PR. Conforme o deputado Bilac Pinto (PR-MG), ainda não há negociação formal de cargos, mas existe um consenso pela sustentação. “O PR contribuiu com 26 votos a favor do impeachment e vai apoiar Temer”. 


O senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou em entrevista esta semana que, apesar de Michel Temer estar recebendo a visita de diversos políticos, não houve nenhuma conversa em relação à distribuição de cargos caso ele venha a assumir a presidência. “Cargo não é o ponto principal desta questão. A conversa que nós tivemos com os partidos foi sobre o futuro. Estamos construindo um programa que, sendo em comum, será a base desta aliança de reconstrução do Brasil”, disse. 

 

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