Vereadores de Minas viram alvo frequente de ações da polícia e do Ministério Público

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
27/01/2016 às 06:57.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:11
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Eleitos para legislar e fiscalizar a aplicação de recursos públicos, vereadores de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país com 853 cidades, viraram alvos frequentes de ações da polícia e Ministério Público. Os órgão de controle não possuem um banco de dados com estatísticas oficiais. Mas em tempos de “Lava Jato”, o número de inquéritos instaurados, de operações de vulto e até mesmo de condenações de vereadores, ainda que em primeira instância, tem chamado a atenção.

No fim do ano passado, o vereador Werley Araújo, o Ley do Trânsito (PSD), ex-presidente da Câmara de Ipatinga, no Vale do Aço, foi acusado pelo MPE de improbidade administrativa por valores gastos em viagens que teriam sido realizadas por ele e outros vereadores para cidades turísticas do país. Para justificar o embarque para destinos paradisíacos, vereadores da Casa alegavam a participação em cursos. Assim, ganhavam diárias de viagem pagas com recursos públicos. O então presidente da Câmara de Ipatinga viajou para Curtiba (PR), Foz do Iguaçu (PR), Florianópolis (SC), Aracaju (SE), Maceió (AL) João Pessoa (PB), Belo Horizonte (MG) e Fortaleza (CE). Na ação, o MPE indaga sobre a necessidade desses deslocamentos. “É moral direcionar tamanha monta de recursos públicos quando existem tantos outros interesses mais caros à coletividade? Certamente, não”, afirma o promotor. A reportagem tentou contato com o Warley, mas ele não foi localizado.

Presos na Nelson Hungria desde março de 2015, cinco vereadores de São Joaquim de Bicas, na Grande BH, incluindo o ex-presidente da Câmara Carlos Alberto Braga Fonseca, o Carlinhos da Funerária, foram condenados à prisão pelo juiz Paulo Sérgio Néris, titular da Vara Criminal da cidade vizinha de Igarapé. O grupo foi alvo de força-tarefa do MPE e PM. As penas variam de 6 anos a até 27 anos de cadeira. Acusados de cobrar propina de empresários interessados em negócios na cidade, foram sentenciados pelos crimes de corrupção passiva, advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção ativa e organização criminosa. O advogado dos condenados disse que vai recorrer da decisão e pedir relaxamento da prisão.

Na semana passada, o MPE efetuou em Centralina, no Triângulo Mineiro, a prisão de quatro vereadores da cidade, incluindo o presidente da Câmara Municipal, Eurípedes Batista Ferreira, o Baianinho (PROS). Eles são acusados de montar um esquema de desvios de verbas públicas a partir de diárias de viagens que, na realidade, não foram realizadas. Eles são acusados de associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Outros cinco inquéritos ainda estão abertos.

Em Belo Horizonte, por exemplo, o médico e parlamentar Dr. Sandro (PMDB) está na mira do MPE por ter nomeado três pessoas da mesma família, além da mãe do filho dele. Assessor técnico de gabinete, André Luiz Ribeiro tem salário de R$ 12 mil. Já a mulher dele, Janaína Mesquita Marinari Ribeiro, lotada no cargo de assessora de redação, recebe R$ 6.500. O filho do casal, Felipe Augusto Mesquita Marinari, ganha R$ 9.300. Os dados constam no portal da Transparência da Casa. A família possuem negócios na região de Venda Nova, reduto eleitoral do vereador.

Juntos, os três recebem quase R$ 28 mil por mês. Curiosamente, Felipe figura como um dos doadores da campanha de Dr. Sandro, que emprega ainda Alessandra de Oliveira, ex-mulher e mãe de um dos filhos do parlamentar. Por uma jornada de 30 horas semanais, Alessandra está na função de assessora política o que lhe rende um salário R$ 9.300 mensais. Em entrevista, o vereador nega nepotismo ou favorecimento. “Ninguém da família são meus parentes. Então não existe nepotismo. E ex-mulher é diferente de ser mulher. Não existe nenhum irregularidade”, alegou, emendando se tratar de uma denúncia com motivação política. Os assessores não foram localizados.

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