Votação do mensalão será por núcleo temático, diz Britto

Luciana Nunes Leal
17/08/2012 às 20:30.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:33

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, disse nesta sexta (17) que "é meio incógnita" e "não tem como fazer previsão" se a votação fatiada do processo do mensalão vai atrasar o cronograma inicial do julgamento. Segundo o ministro, se o calendário for mantido, será possível contar com o voto do ministro Cezar Peluso, que se aposenta no início de setembro. Ayres Britto disse que a votação será por "núcleos temáticos".

"O ministro Lewandowski (revisor do processo) anunciou que se adaptaria a essa metodologia. O voto fatiado significa pegar o voto e segmentar. Não faz o voto de ponta a ponta, e sim por núcleos temáticos. O relator começou pelo terceiro núcleo", afirmou o presidente do STF, que esteve no Rio para o encerramento de conferência internacional organizada pelo Conselho Nacional de Procuradores - Gerais do Ministério Público.

Ayres Britto evitou falar na possibilidade de antecipar o voto de Peluso. "Qualquer tribunal gostaria de contar com a participação do ministro Peluso, porque honra, qualifica, adensa qualquer decisão tribunalícia. Não se pode antecipar se ele terá condições de votar, depende muito do tempo de coleta dos votos. Se o cronograma for observado e cumprirmos o calendário, vai dar tempo", afirmou.

Ayres Britto esclareceu que caberá ao relator Joaquim Barbosa, na sessão de segunda-feira, decidir se continuará a ler algum trecho de sua decisão referente ao terceiro núcleo ou se já se inicia o voto do revisor, Ricardo Lewandowski. "Se o relator agregar algo ao terceiro item, a palavra fica com ele. Se considerar exaurido, quem fala imediatamente é o revisor", afirmou o ministro.

Ao chegar ao hotel onde se realizava a conferência, Britto negou que o clima entre os colegas do Supremo seja de beligerância. "Está tudo bem, está tudo em paz", afirmou.

Na palestra aos promotores e procuradores, Ayres Britto passou longe do tema mensalão. Durante uma hora, falou de seu interesse por neurociência e física quântica, citou uma série de noções ligadas a esses temas e, ao encerrar, disse ter um sonho de ver juízes mais "serenos, sensíveis, altruístas, democráticos" e que "gostem de canto, de artes, de teatro, de dança". "O juiz não é ácaro de processo, não é traça de gabinete. É um ser de vida, tem que perceber que a norma está na vida", afirmou o ministro.

Entre citações de Heráclito, Vinícius de Morares, Einstein, Van Gogh e Shakespeare, Ayres Britto discorreu sobre as características dos lados direito e esquerdo do cérebro. Ao final, elogiou as leis Maria da Penha, da Improbidade Administrativa e da Ficha Limpa e o Conselho Nacional de Justiça, por "ter tornado o Judiciário mais transparente, revelar suas entranhas".
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