Pré-candidatos ao governo de Minas preveem ajustes drásticos para sanar finanças

Lucas Simões
lsimões@hojeemdia.com.br
12/07/2018 às 20:42.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:22
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Pré-candidatos ao Governo de Minas Gerais, Marcio Lacerda (PSB) e Antonio Anastasia (PSDB) aproveitaram encontro com prefeitos mineiros, ontem, na sede da Prefeitura de Belo Horizonte, para criticar a gestão do atual governador e candidato à reeleição Fernando Pimentel (PT). Os dois adversários do petista sustentaram que o déficit orçamentário do Estado está entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões e apresentaram propostas para frear a crise fiscal, incluindo cortes em secretarias e parcelamento do salário do Judiciário. A assessoria de imprensa do governador não comentou as acusações.

Em evento com a presença de dezenas de prefeitos mineiros, promovido pela Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig) e a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel), o prefeito da capital, Alexandre Kalil (PHS), afirmou que vai manter uma “posição de neutralidade pessoal” no processo eleitoral. Apesar disso, não poupou críticas à atual administração do Estado. 

“Todos nós sabemos que o Estado passa por um momento de dificuldade e má gestão. Agora, tem uma coisa, quem tocar no funcionalismo, que está sofrendo tanto, vai ser o governador”, disse o prefeito.

Diante de salários atrasados e ao menos R$ 6,8 bilhões em dívidas com as prefeituras, conforme balanço divulgado neste mês pela Associação Mineira dos Municípios (AMM), o senador Antonio Anastasia propôs uma reforma na administração pública com o objetivo de colocar em dia as contas do Estado.

Segundo o tucano, Minas Gerais está com um déficit de aproximadamente R$ 20 bilhões. “É um valor que precisa ser confirmado, mas não está longe disso. Uma situação dramática”, disse o senador.

Anastasia defendeu a criação de um equilíbrio fiscal “sem mágica ou milagre” e adiantou que não será possível acertar todos os pagamentos no início do governo. 
“Vamos precisar de medidas urgentes, talvez heterodoxas, e que vão levar tempo. Não dá para falar em oito meses, um ano”, disse o senador. 

O tucano ainda anunciou que pretende cortar parte das 21 atuais secretarias do governo, apesar de não confirmar a quantidade de pastas que podem ser suprimidas. Além disso, o pré-candidato prevê uma reforma na administração pública para desburocratizar e agilizar processos legislativos, como as licenças ambientais.

“Essa reforma administrativa não custará um centavo e vai acabar com procedimentos desnecessários, burocráticos. E a redução das secretarias não resolverá por si só o problema fiscal do Estado. Mas o exemplo da austeridade é fundamental. Será o maior corte de secretarias da história de Minas Gerais, isso eu garanto”, disse.

Já o ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, defendeu atitudes mais drásticas para organizar as contas do governo. O pessebista sustentou que o déficit do Estado deverá chegar à casa dos R$ 30 bilhões até o fim do ano — R$ 10 milhões a mais do que a projeção de Anastasia. 

“Pela previsão, vamos chegar a um déficit orçamentário de R$ 30 bilhões. Isso se reflete na dívida de R$ 7 bilhões com o municípios, nos atrasos de pagamento de toda ordem, na falta de investimentos e, infelizmente, não precisava (o déficit) ter sido tão grande, mas o governo atual não tomou providências desde o início da gestão, deixou o carro desgovernado e até aumentou despesas desnecessariamente, criou mais sete secretarias e etc”, criticou Lacerda.

Nesse cenário, o ex-prefeito da capital propôs que o governo renegocie os repasses com os prefeitos, em uma série de reuniões a serem realizadas antes mesmo da posse, em 1º de janeiro. “O próximo governador deveria fazer isso logo, antes da posse, chamar todos para conversar e pagar as prioridades”, disse Lacerda.
Como alternativa mais radical, Lacerda defendeu, inclusive, o parcelamento dos salários do Judiciário. “Ao invés das prefeituras, poderíamos negociar com o Judiciário, o Ministério Público. Por que esses setores não poderiam ter pagamentos renegociados, se fosse necessário por um tempo?”, disse Lacerda.

DÉFICIT
Segundo o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), referente ao período de 2016 a 2019, a última previsão do Governo de Minas para o déficit orçamentário do Estado era de R$ 8,18 bilhões. 

Questionada, a assessoria de imprensa do Governo de Minas não confirmou se houve alteração na previsão.

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