Pré-candidatura de Anastasia desidrata chapas adversárias e muda quadro eleitoral

Amália Goulart, Fábio Corrêa e Lucas Borges
primeiroplano@hojeemdia.com.br
19/03/2018 às 20:22.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:56
 (Marcos Oliveira/Agência Senado)

(Marcos Oliveira/Agência Senado)

A entrada em campo do senador Antonio Anastasia (PSDB) na disputa pelo Palácio da Liberdade tem potencial para esvaziar as pré-candidaturas do time de oposição ao governador Fernando Pimentel (PT) e poderá levar o pleito deste ano a uma polarização.
Ao menos oito partidos que caminhavam com algum dos postulantes ao Executivo mineiro já decidiram rever a posição.

O presidente estadual do PSDB, deputado Domingos Sávio, informou que tratativas foram ou serão iniciadas com o PP, PTB, PSD, PV, Solidariedade, Avante e Democratas. “Estamos avançando no diálogo com alguns partidos. Vamos nos esforçar para construir uma ampla aliança”, afirmou. Segundo ele, lideranças de diversas legendas já haviam demonstrado disposição em apoiar Anastasia, caso ele decidisse se candidatar.

O deputado federal Luis Fernando Faria (PP) disse que o partido foi “pego de surpresa” com a definição do senador, alterando assim o quadro eleitoral. “As portas do PP estarão abertas para conversar”, disse, ao ser questionado sobre a possível aliança com o PSDB. Uma grande parte do PP caminhava para apoiar o pré-candidato Rodrigo Pacheco, que filiou-se ontem ao Democratas. A postura do PP provocou a saída da legenda dos ex-deputados Dinis Pinheiro e Alberto Pinto Coelho.

Dinis, dizem aliados, já teria decidido desistir da candidatura para compor com Anastasia. Seria candidato ao Senado. “Temos uma chapa com quatro vagas, então, estaremos abertos para compor essa chapa, valorizando os partidos”, contou Sávio.

Os tucanos pediram a deputados de diversos partidos que conversem com as direções estaduais para viabilizar uma ampla aliança da oposição. “Assim como eu, muitos estão com a missão de buscar, de forma uníssona, trabalhar para essa candidatura. Meu partido não tem decisão ainda, mas, como membro do diretório, vou trabalhar nessa direção”, afirmou o parlamentar Antônio Jorge, do PPS.

O partido de Jorge estava dividido entre a aliança com Pacheco ou o aval a Dinis. Os dois pré-candidatos atuavam no mesmo espectro partidário que sustentou as duas gestões de Anastasia, quando foi governador. Dinis foi procurado, mas não atendeu as ligações.

Manutenção

Ontem, Pacheco disse que não desistirá da empreitada. Ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB) também manteve a posição. O socialista tem o apoio do PDT. Mas já começa a perder espaço. O deputado estadual Sargento Rodrigues deixou o partido para apoiar Anastasia. “Vamos aglutinar todas as forças de oposição”, afirmou.

O PTB também pretendia disputar a eleição unido a Lacerda ou a Pacheco, mas a pré-candidatura de Anastasia pode mudar o jogo. “Tinha um grupo que queria apoiar o Lacerda. Agora, Anastasia é um fator complicador, um fator novo. Tradicionalmente, apoiamos o Anastasia. Agora, teremos que nos reunir e tomar uma decisão”, afirmou o deputado estadual Dilzon Melo.


Rodrigo Pacheco troca o MDB pelo DEM e mantém intenção de concorrer ao governo


O deputado federal Rodrigo Pacheco filiou-se ontem ao Democratas garantindo a pré-candidatura ao governo de Minas. Existe a expectativa de aliados de que ele possa formar chapa com o senador Antonio Anastasia (PSDB), que comunicou na última semana a entrada na disputa.

“Mantenho meu conceito em relação ao senador Anastasia, que é o melhor possível”, disse o deputado federal, eleito para o cargo ainda pelo MDB. “Foi um excelente governador, reconheço isso, mas tenho direito de dar a Minas Gerais uma alternativa, por isso coloco meu nome para governo do Estado”, concluiu Pacheco, que assinou a filiação acompanhado pelo presidente da Câmara e  pré-candidato ao Planalto, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e pelo presidente nacional do partido e prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto.

O evento de filiação de Pacheco atraiu deputados e lideranças de vários partidos do campo oposicionista. Dentre eles, estavam tucanos como o presidente do PSDB em Minas, deputado Domingos Sávio, e o prefeito de Contagem, Alex de Freitas.

No palanque, Domingos Sávio elogiou a capacidade de diálogo de Pacheco. O Democratas é um dos partidos que o PSDB irá procurar para tentar uma composição.

“No limite, vão ser candidaturas que vão propor coisas parecidas. Eles acreditam nas mesmas coisas e acho que, na minha aposta, vai haver um entendimento para que saiamos juntos”, declarou Alex de Freitas.

“Pacheco é um candidato que tem total condição de contribuir em qualquer espaço, como vice, como senador da República. O importante é que nós consigamos estreitar o diálogo para que possamos fazer uma ampla frente para essa eleição”, complementou o deputado João Vitor Xavier (PSDB).

Representantes do Avante, PEN, PSD, PPS, PP, PMB, MDB, PTC e PSB também prestigiaram a filiação de Pacheco ao Democratas.

 ‘Não posso me atirar de cabeça em uma aventura’, diz ex-prefeito Marcio Lacerda

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), declarou ontem que irá manter a pré-candidatura ao Palácio da Liberdade. Porém, afirmou que não sustentará uma campanha sem alianças.

Lacerda passou o dia conversando com aliados. Até o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, esteve ontem na capital mineira avaliando o cenário, após a entrada na disputa do senador Antonio Anastasia (PSDB).“É perfeitamente normal o PSDB lançar uma candidatura própria. Nós mantemos a nossa candidatura e entendemos que ela será, e já é, muito competitiva”, afirmou Lacerda.

Entretanto, a possível perda do apoio de prefeitos e partidos, que passariam a se unir a Anastasia, pode fazer com que Lacerda repense os planos para a eleição. “Tenho o plano de ser candidato a governador, mas também não pode ser uma aventura. Não posso me atirar de cabeça em uma aventura. Temos que ter uma aliança mínima”, disse.

Apesar do risco de enfraquecimento na sua base eleitoral, Lacerda descartou  fazer uma aliança com o PT, que deve lançar o atual governador Fernando Pimentel à reeleição.“Está descartada essa possibilidade já há algum tempo inclusive”, declarou.

Dinis

O ex-prefeito de BH negociou apoio do PDT, que lançará Ciro Gomes candidato à Presidência da República. Ciro e Lacerda são amigos. Ele ainda espera pelo Solidariedade, partido que deve abrigar o ex-deputado Dinis Pinheiro.

Contudo, com a entrada de Anastasia no processo eleitoral, já se fala na desistência de Dinis. Ele deve disputar uma vaga ao Senado. Nesse contexto, Lacerda avalia o apoio ao ex-deputado.

“O Dinis tem uma bela carreira como deputado e presidente da Assembleia. Tem uma grande rede de apoiadores em todo o Estado. Nós temos uma combinação, desde março do ano passado, de estarmos juntos e definirmos as posições em função das pesquisas”, disse Lacerda.

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