(Carlos Rhienck/Hoje em Dia)
A produção de alimentos ficou prejudicada com a estiagem. No Cinturão Verde da Região Metropolitana de Belo Horizonte, agricultores estão colhendo até 50% menos hortaliças em relação a janeiro de 2014. A queda na oferta começa a se refletir na alta dos preços. Segundo representantes do setor, as folhosas e legumes podem subir até 50% nos sacolões.
“A tendência é aumentar o preço, mas os produtos já estão carinhos”, afirma o presidente da Associação dos Horticultores de Rio Manso, Vanilson de Sousa.
“A dona de casa vai pagar mais caro pelo preço da alface. Com a queda de produção, o preço das verduras pode aumentar”, diz o horticultor Valter Matias Fernandes, de 31 anos. “Faltar na mesa é a última coisa que a gente espera que aconteça”. Ele arrenda 9 hectares, mas plantou apenas 2 hectares por falta de água. “Dentro de 15 dias, se não chover, vou parar tudo”.
“Por enquanto, os preços estão sob controle, mas a situação é complicada”, admite o chefe da Seção de Informações de Mercado da Ceasa, Ricardo Fernandes Martins. Além da seca, também influenciam na alta de preços a entressafra de vários produtos e a demanda aquecida de compradores vindos de outros estados.
“O calor eleva o consumo de frutas, verduras e legumes para o preparo de sucos e saladas. A culpa do aumento de preços não pode ser atribuída unicamente à estiagem”, diz Fernandes.
Por outro lado, a Copasa vê problemas na captação de água para produção agrícola, feita em oito mananciais no Sistema Serra Azul, que está quase no volume morto. O superintendente de produção da empresa, Mauro Diniz, afirma que é raro encontrar cultivos irrigados por gotejamento, considerado o mais econômico.
Na maioria das propriedades, segundo Diniz, a irrigação das culturas é feita por aspersão ou por sulcos, o que gera desperdício de água. Contudo, em Igarapé, horticultores que captam água desses mananciais queixam-se das dificuldades: a falta de chuva adiou o plantio, reduziu a área plantada, elevou o custo da produção e gerou desemprego.
Vanilson conta que parte dos agricultores está plantando porque tem irrigação. Os demais, aguardam as chuvas. “O inhame está na safra, mas pimentão e berinjela estamos carregando muito pouco para vender no Ceasa. Não tem água para molhar”.