Prefeito critica incoerências da oposição venezuelana e pede autocrítica

AFP
Hoje em Dia - Belo Horizonte
18/11/2017 às 10:20.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:46
 ( OSCAR DEL POZO/AFP)

( OSCAR DEL POZO/AFP)

O prefeito de Caracas, o opositor Antonio Ledezma, criticou neste sábado, em sua chegada a Madri, as incoerências da oposição de seu país e pediu que seus companheiros façam um exercício de autocrítica.

Ledezma atacou a decisão de quatro governadores opositores de aceitarem ser juramentados no mês passado ante a Assembleia Constituinte chavista, um órgão ilegítimo para a oposição.

"A única coisa boa do governo são os erros cometidos pela direção da oposição, a quem convido que venha à Espanha para fazer um exercício de autocrítica para se retificar", declarou Ledezma à imprensa.

Ledezma viajou na sexta-feira para a Espanha depois de passar pela Colômbia, onde chegou depois de fugir de sua prisão domiciliar imposta desde 2015 pela suposta conspiração contra o governo de Nicolás Maduro.

Com 62 anos e um dos opositores detidos mais emblemáticos junto com Leopoldo López, também em prisão domiciliar, Ledezma garantiu que conseguiu fugir com a ajuda de militares venezuelanos.

"Foi uma travessia de filme passar por mais de 29 postos entre a Guarda Nacional e a Polícia do governo", contou à imprensa colombiana, na cidade fronteiriça de Cúcuta, sem dar maiores detalhes, minutos antes de viajar para Bogotá.

De Cúcuta, pediu ajuda à Colômbia, para onde já fugiram vários juízes destituídos e a ex-procuradora-geral Luisa Ortega, que chegou a Bogotá em agosto, alegando perseguição política.

"Minha voz se une ao coro de vozes de venezuelanos que pediram auxílio da Colômbia", afirmou ele.

O prefeito caraquenho disse ter falado por telefone com o presidente Juan Manuel Santos, cujo governo foi um dos mais críticos da "ditadura" de Maduro.

Ledezma disse que fugiu de Caracas, porque militares e membros da Inteligência venezuelana lhe informaram de um suposto "plano" do governo contra ele.

"Não quero ser refém de uma tirania, que me usem para dobrar a oposição", alegou ele, que garantiu que ter burlado a detenção sem consultar "esposa e filhas" e não ter dado pistas claras sobre seus próximos passos.

Acusado de fazer parte de uma suposta conspiração contra Maduro, o prefeito foi detido em 19 de fevereiro de 2015.

Dois meses depois, chegou a ser colocado em prisão domiciliar por questões de saúde. Em agosto, porém, foi levado para prisão militar Ramo Verde, nos arredores de Caracas, depois que o Tribunal Supremo de Justiça revogou essa condição, acusando-o de planejar fugir.

Ledezma voltou para casa alguns dias mais tarde.

Tanto ele quanto López questionam Maduro sem trégua e rejeitam a Assembleia Constituinte de plenos poderes em vigor na Venezuela.

Em uma primeira reação, Maduro pediu às autoridades espanholas que não "devolvam" o prefeito Antonio Ledezma.

"Hoje escapou Antonio Ledezma, o 'vampiro' voando livre pelo mundo. Foi protegido para a Espanha para viver a grande vida, para ir tomar vinho na Gran Vía. Que não nos devolvam", afirmou Maduro, em um ato em Caracas.

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