Presidente turco quer controle total da Inteligência e do Estado-Maior

AFP
Hoje em Dia - Belo Horizonte
30/07/2016 às 20:57.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:04
 (AFP/ADEM ALTAN)

(AFP/ADEM ALTAN)

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou neste sábado (30) que pretende assumir o controle direto dos Serviços de Inteligência e da cúpula do Estado-Maior, após a tentativa de golpe militar no país em 15 de julho passado.

"Vamos apresentar uma pequena reforma constitucional (no Parlamento), que, se for aprovada, colocará o Serviço Nacional de Inteligência (MIT) e os chefes do Estado-Maior (do Exército) sob controle da presidência", disse Erdogan à emissora de televisão A-Haber.

Para ser adotada, essa reforma deve ser aprovada por uma maioria de dois terços do Parlamento. O governo islâmico conservador do AKP precisará do apoio de alguns partidos da oposição.

Em 26 de julho, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, garantiu que os principais partidos de oposição estão preparados para trabalhar com o governo para elaborar uma nova Constituição.

Na mesma entrevista à rede A-Haber, o presidente turco anunciou o fechamento de todas as escolas militares e a abertura de uma nova universidade para formação das Forças Armadas.

"As escolas militares serão fechadas (...), e uma universidade nacional será criada", afirmou Erdogan.

Essas declarações foram dadas depois de uma mudança significativa nas Forças Armadas, com o afastamento de metade de generais (149 ao todo) após o golpe frustrado.

Instaurado pouco depois da insurgência militar, o estado de emergência poderá ser prolongado, assim como fez a França após os ataques extremistas cometidos nesse país, disse Erdogan.

"Se as coisas não voltarem ao normal durante esse período de estado de emergência (três meses), podemos prolongá-lo", anunciou.

Desde 15 de julho passado, 18.699 pessoas foram colocadas sob custódia, e 10.137 delas, sob prisão preventiva, segundo o presidente turco.

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Segundo uma fonte do governo que pediu para não ser identificada, há mais de um ano, as autoridades turcas começaram a interceptar mensagens dos organizadores da tentativa de golpe em um serviço de mensagens encriptadas usado por simpatizantes do pregador Fethullah Gülen. Ele é acusado por Ancara de incitar o levante.

A mesma fonte disse que os serviços de Inteligência turcos (MIT) conseguiram quebrar a encriptação das mensagens trocadas no aplicativo ByLock a partir de maio do ano passado. Com essa vigilância, foi possível conhecer os nomes de 40.000 simpatizantes do movimento gulenista, entre eles 600 militares de alto escalão.

"Um grande número de pessoas identificadas graças ao Bylock esteve diretamente envolvido no golpe de Estado", afirmou o oficial consultado pela AFP.

Segundo ele, os partidários do pregador exilado nos Estados Unidos teriam adquirido o costume de conversar em sistemas de troca de mensagens encriptadas em 2013 e começaram a usar o ByLock em 2014.

"Os dados coletados no ByLock nos permitiram fazer um esquema de sua rede, pelo menos de uma boa parte dela. Depois, quando se deram conta de que o ByLock não era seguro, trocaram de aplicativo", acrescentou.

Segundo Ancara, os envolvidos no golpe conversaram por WhatsApp durante o dia do motim. Há um ano, esse aplicativo oferece encriptação "total" de suas comunicações.

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