Previsões do ministro Lobão

Hoje em Dia
30/03/2014 às 10:18.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:50

  O Ministério das Minas e Energia (MME) divulgou nota na sexta-feira para reafirmar que não haverá apagão neste ano. A nota foi motivada pela repercussão de entrevista do ministro Edison Lobão ao "The Wall Street Journal". Segundo o diário de Nova York, o governo deverá lançar uma campanha para estimular a população a reduzir o consumo de energia elétrica, para que ela não falte durante a Copa do Mundo.   Parece que os que contemplam de longe o panorama de escassez de água nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde se acham hidrelétricas que respondem por 70% da energia gerada no Brasil, enxergam melhor a necessidade dessa campanha do que os que estão aqui, bem próximos de quem tem poder para decidir.   É mais fácil tergiversar com palavras imponentes - "o sistema elétrico brasileiro dispõe de equilíbrio estrutural capaz de garantir, sem restrições, o abastecimento do país" -, como se lê na nota. Que acrescenta: o que o ministro está disposto "é recomendar à população que siga o seu exemplo pessoal de evitar o desperdício de energia, mas sem referir-se especificamente a qualquer evento".   Ou seja, à Copa do Mundo. É possível mesmo que não falte energia nos 12 estádios, pois tudo será feito para direcionar a eles a energia disponível. Nas cidades-sede, diz a nota, o plano "inclui dupla alimentação proveniente de subestações diferentes, reforço da transmissão e geração, além de outras providências".   Mas e no restante do país, no resto do ano, até que chegue a próxima temporada de chuvas no Sudeste, em novembro? Enquanto o MME se ocupava da redação dessa nota, o Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de água de parte da Região Metropolitana de São Paulo, atingia o nível de 13,8%, o mais baixo da história. Um ano atrás, o nível era de 61,9%.   Outra má notícia, divulgada no mesmo dia, foi o balanço da Eletrobrás, que registrou no ano passado prejuízo de R$ 6,3 bilhões. Parte do resultado contábil negativo se originou do plano de demissão voluntária da estatal. Seu presidente, José da Costa, informou em entrevista que 4.220 empregados deixaram a empresa. Com esse plano, a Eletrobrás gastou R$1,72 bilhão, mas espera economizar neste ano R$ 1,2 bilhão na folha de pagamentos.   É melhor não perguntar como a empresa pôde lançar mão de tantos empregados, numa época em que está investindo tanto: R$ 9,8 bilhões em 2012 e R$ 11,2 bilhões no ano seguinte. Sem falar no plano de investimentos de 2014-2018, que prevê aplicações de R$ 60,8 bilhões, para agregar 13.400 MW ao sistema elétrico brasileiro.   Nos planos e na verve do ministro Lobão, tudo parece bem. Ainda assim, é melhor que os brasileiros se previnam nos próximos meses, poupando água e eletricidade. Podem começar deixando de varrer com água os passeios públicos.

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