Propina paga a políticos chega a R$ 210 milhões; veja o ranking dos desvios milionários

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
30/06/2016 às 07:56.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:06
 (José Cruz/Agência Brasil)

(José Cruz/Agência Brasil)

A soma de recursos desviados que teriam sido repassados aos mais influentes políticos na operação “Lava Jato” alcança ao menos R$ 210 milhões. Para se ter uma ideia, esse é o valor que foi liberado pelo governo federal, no último mês, já na gestão interina de Michel Temer (PMDB) para 63 universidades federais e 41 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. A soma foi feita com base em delações premiadas e em condenações. 

No total, o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), lidera o “ranking”, com R$ 77 milhões.

São R$ 52 milhões relatados por Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia. O recursos teriam sido pagos a Cunha em prestações para que ele influenciasse na liberação de verbas do fundo de investimento do FGTS para o projeto do Porto Maravilha

Já o lobista Fernando Baiano, operador do PMDB, disse, em depoimento na Câmara dos Deputados, que Cunha teria recebido R$ 4 milhões de Júlio Camargo, da Toyo Setal. A origem teria sido repasses de contratos da empreiteira com a Petrobras.

Segundo o procurador- geral da República, Rodrigo Janot, Cunha teria R$ 5,2 milhões no exterior, frutos da compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, na África.

Navios-sonda

Júlio Camargo disse, ainda, que Cunha afirmou ser merecedor de U$S 5 milhões (convertidos a valores de ontem, seriam R$ 16,5 milhões) em contratos de navios-sonda da Petrobras.

Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), foi citado por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, como beneficiário de R$ 30 milhões. Ele também teria embolsado outros R$ 19,8 milhões, relatados por Nestor Cerveró, ex-diretor da estatal, como propina em contratos da Sonda 1000 Petrobras; R$ 2 milhões por ter impedido a CPI no Congresso, conforme relatou Carlos Alexandre de Souza Rocha, que trabalhava com Alberto Youssef; e R$ 1,5 milhão da empreiteira UTC, conforme relatou o executivo Ricardo Pessoa.

O senador Romero Jucá (PMDB), que foi ministro do Planejamento de Michel Temer por menos de duas semanas, teria recebido R$ 22,5 milhões, sendo R$ 21 milhões da Transpetro e R$ 1,5 milhão da UTC. O ex-presidente José Sarney (PMDB) também foi citado por Machado, como destinatário de R$ 20 milhões.

Outros R$ 30 milhões teriam sido divididos por Renan Calheiros, Romero Jucá e Eduardo Braga (PMDB), afirmou o executivo Nelson Mello, da Hypermarcas.

Outra figura importante nesse quebra-cabeça é o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que já foi condenado a 15 anos de prisão, por corrução passiva. Segundo Ricardo Pessoa, da UTC, ele intermediou R$ 4,2 milhões para campanhas políticas em 2014.

Sérgio Machado também citou outros políticos, dentre eles o senador Aécio Neves (PSDB). Ele teria recebido R$ 1 milhão, na campanha política de 1998. Todos os citados negam as acusações.

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Confira abaixo o ranking dos desvios milionários:

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