
A redução na produção e no faturamento da indústria brasileira tem impactado em cheio o setor de transportes. Além da diminuição nos volumes transportados, empresas também precisam lidar com a paralisação de obras viárias que aumentam os prejuízos em um momento de pouquíssimos investimentos.
De acordo com dados da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), a estimativa é de que desde o início do ano o número de demissões tenha aumentado 35% em média. Hoje, segundo a entidade, há entre 12 e 15 mil caminhões parados no Estado.
“Como cada caminhão fatura, por mês, cerca de R$ 30 mil, o prejuízo médio pode ser de R$ 450 milhões”, afirma o presidente da Fetcemg, Vander Costa. “A grande maioria dos caminhoneiros comprou veículos financiados e pretendia pagar com a produção. Essa paralisação já gerou uma frota de caminhões devolvidos. A diferença é que, antes, os bancos entravam em negociação para devolução amigável. Agora, já não querem isso”, destaca.
Investimentos
Com a redução dos investimentos no setor, motivada pelo corte de gastos da União, o cenário para os transportadores de carga se torna ainda mais dramático. Dados divulgados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), em janeiro, já apontavam a redução em 11,8% nos investimentos federais para infraestrutura de transporte pelo Projeto de Lei Orçamentária de 2016.
“Essa paralisação de obras, como a da BR-381, é dramática. A briga pela duplicação tem mais de 20 anos. Falta vontade política, pois sabemos que a obra foi licitada com garantias e poderia estar evoluindo”, critica Costa.
Emprego
Outra perda decorrente da redução da atividade é o fechamento de postos de trabalho no setor. Projeções do Ministério dos Transportes apontam o corte de 25,3 mil vagas de emprego nas empresas de transporte e logística somente no primeiro bimestre de 2016. O número equivale a um terço dos resultados de 2015.
Em Minas, segundo dados da Fetcemg, mais de 25 mil postos de trabalho foram fechados no setor.
Para Costa, Minas é um dos Estados que mais sofre com a precarização das estradas uma vez que possui uma das maiores malhas rodoviárias.
“A frota de caminhões de Minas equivale a aproximadamente 10% da frota brasileira, de acordo com levantamentos feitos pelo Dnit. São mais de 2 milhões de caminhões emplacados no Estado”, conclui.