Reajustes do gás de cozinha e da gasolina vão encarecer preço da refeição

Heraldo Leite e Felipe Boutros
primeiroplano@hojeemdia.com.br
12/09/2017 às 20:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:32
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

 Os reajustes frequentes do gás de cozinha e da gasolina já pesam no bolso do consumidor. E devem ficar ainda mais salgados. Donos de bares e restaurantes afirmam que o gás tem, cada vez mais, um peso maior no valor final da refeição. Só neste mês, o produto encareceu 12%. Ou seja, além de comprometer o ganho, será inevitável repassar o preço para o consumidor. O resultado é que a comida ficará mais cara.

“O valor do gás já representou 3% dos custos de um refeição. Hoje está na casa dos 6%”, contabiliza Pedro Ambrósio, proprietário de dois restaurantes self service -no Prado e no bairro Floresta. E dependendo do ritmo dos reajustes, ele avalia que terá de alterar para cima o preço do quilo a partir do mês que vem. Mas com uma dose de cautela. Da última vez que subiu os preços, no ano passado, a frequência do estabelecimento caiu pela metade.

A gasolina, por sua vez, também encarece os alimentos, já que impacta no valor do frete.

Uma das explicações para tantos reajustes frequentes do gás e dos combustíveis está na nova política adotada pela Petrobras. Desde junho, a variação segue os preços internacionais e pode oscilar para cima ou para baixo, a exemplo das commodities como açúcar e minério.

Mas tal política é criticada pelos próprios revendedores de gás de cozinha. “Você pode encostar o carro na garagem. Mas não pode encostar o fogão”, compara Alexandre Borjaili, presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR).

Para ele, o gás é “essencial” e deveria ter tratamento diferente dos combustíveis. Borjaili também chama os constantes aumentos de “abusivos” e alerta que ainda em neste mês outro reajuste deverá ser anunciado. “É a data da convenção coletiva dos trabalhadores nas empresas distribuidoras”, afirma.

O conselheiro da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), Lindoval Conegundes, afirma que os recentes reajustes já impactam o setor de alimentação fora do lar. Segundo ele, a entidade instruiu os associados a negociar melhor com distribuidores e revendedores de gás.

“Temos margens de lucro muito pequenas e o mercado é quem regula nossos preços. Não podemos simplesmente repassar os aumentos”, admite.

Apesar de certo, ainda não é possível mensurar com exatidão o impacto da variação do gás e da gasolina para o consumidor que almoça fora. “Há toda uma cadeia produtiva envolvida, desde refinarias e distribuidoras de gás”, diz responsável pelo site de pesquisas Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. Segundo ele, somente na próxima semana é que saberemos qual o tamanho da consequência destas novas medidas da Petrobras.

Combustíveis

No caso da gasolina, Feliciano alerta que os motoristas devem pesquisar ainda mais. Segundo ele, os postos não poderão repassar grandes aumentos às bombas, pois a concorrência deverá se acirrar. “O mercado deve ficar mais competitivo”, aposta. Para ele, os proprietários de postos devem ter cuidado redobrado com os estoques. O ideal é calcular um preço médio, já que a variação por parte da Petrobras será mais frequente - para cima ou para baixo.


Margem de lucro de taxistas e motoristas de aplicativos encolheu entre 20% e 50%

Mesmo com a alta nos combustíveis e a concorrência acirrada dos aplicativos de transporte, o Sindicato dos Taxistas de Minas Gerais (Sincavir-MG) afirma que não irá pedir aumento das tarifas para a BHTrans. Segundo o presidente da associação, Avelino Moreira, a crise econômica que o país atravessa não permite reajuste nesse momento.

“Esse aumento dos combustíveis só vem para prejudicar ainda mais a categoria. Além de não repassarmos o custo maior, ainda temos que dar desconto por causa dos aplicativos”, lamenta ele, que aponta uma redução de até 50% nos lucros da categoria. Como medida para baixar custos, o sindicato pleiteia uma redução de alíquotas sobre os combustíveis para a categoria.

Para os motoristas de aplicativos de transporte, o cenário também é ruim com a escalada dos combustíveis. De acordo com o coordenador do movimento da categoria, Iori Takahashi, o ganho caiu pelo menos 20%.

Segundo ele, antes dos seguidos aumentos da gasolina, era possível rodar até 200 quilômetros com R$ 50 em combustível. Agora, o trajeto não passa de 160 quilômetros. Pelas contas de Takahashi, considerando um carro 1.0, em uma corrida de R$ 10, o motorista tem lucro líquido de R$ 6,50.

O coordenador afirma que os aplicativos não se mostraram solícitos aos pedidos dos motoristas para uma revisão da tarifa.
Uma alternativa são os carros híbridos, com motor a gasolina e elétrico. Taxista há 35 anos, João Bosco trabalha desde junho com um Toyota Prius e revela que o consumo médio fica em 20 quilômetros por litro de gasolina. Para se ter uma ideia, um carro comum tem consumo em torno dos 12 quilômetros/litro.Editoria de Arte

  

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