Recesso parlamentar vira pré-campanha de deputados pelo interior de Minas

Filipe Motta
Filipe Motta fmotta@hojeemdia.com.br
19/07/2017 às 22:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:39
 (CRISTIANO MACHADO/ARQUIVO HOJE EM DIA)

(CRISTIANO MACHADO/ARQUIVO HOJE EM DIA)

Com o desgaste da imagem política e a incerteza de como serão as novas regras para as eleições do ano que vem, devido às mudanças que podem ocorrer em agosto com a reforma política, deputados federais mineiros já fazem verdadeiras maratonas pelo interior para tentar reconquistar a confiança dos eleitores. Com isso, o recesso parlamentar ganhou ares de pré-campanha.

O deputado Marcus Pestana (PSDB), por exemplo, decidiu percorrer 25 municípios da Zona da Mata, Jequitinhonha e Região Central em 12 dias. Apelidou o projeto de “pé na estrada”.

Quem é aliado do presidente Michel Temer (PMDB) ainda tem um estímulo extra: o anúncio de obras nos redutos eleitorais, fruto da liberação de emendas parlamentares. Só em junho foram R$ 529 milhões, conforme reportagem do Hoje em Dia do último dia 7.

É o caso do deputado Renzo Braz (PP), que aproveita o recesso para anunciar à base eleitoral a liberação de verbas. Braz divulga fotos nas redes sociais com prefeitos informando a liberação de emendas. Segundo ele, foram oito municípios beneficiados de junho até hoje. O deputado federal também fez verdadeira peregrinação pelo interior.

Demandas
O deputado federal Domingos Sávio (PSDB) passou os últimos dias por Taiobeiras, Salinas, São João Del Rei e Divinópolis. Depois irá a Piumhi e Oliveira. “O recesso parlamentar não é ferias”, ressalta o parlamentar. “Este ano há muitos prefeitos em início de mandato. É um bom momento para estarmos conversando, buscar demandas e levar o anúncio das ações com as emendas liberadas”, afirma.

Domingos Sávio rebate críticas à liberação de um montante expressivo de recursos pelo presidente Temer. “Embora haja um barulho danado, grande parte das emendas estava prevista no orçamento do ano passado e está sendo liberada agora. E há a lei do orçamento impositivo: o presidente já estava obrigado a liberar os recursos. Tem emendas para deputados do PMDB, PSDB, mas do PT também”, pondera.

“Embora haja um barulho danado, grande parte das emendas estava prevista no orçamento do ano passado e está sendo liberada agora. E há a lei do orçamento impositivo: o presidente já estava obrigado a liberar os recursos”

 Escândalos da ‘Lava Jato’ também exigem esforço mais intenso


O cientista político Malco Camargos, professor da PUC-MG, afirma que o fato de julho ser marcado por várias festas e exposições agropecuárias no interior do Estado faz com que esse período seja mais usado pelos parlamentares nas pré-campanhas.

“Todo projeto político é de longo prazo. É conquistar e manter-se no poder a longo prazo, o que evolve estar sempre presente na arena política”, afirma. “Por isso, os deputados estão sempre buscando formas de se manter visíveis e promovendo articulações”. Malco lembra que essa movimentação também é intensa nos fins de semana. “O fato de não estar no plenário não livra o parlamentar do trabalho”, complementa.

Alguns deputados, no entanto, reconhecem que, devido ao cenário escasso de recursos financeiros previstos para as eleições de 2018 – consequência das atuais regras eleitorais, da crise econômica e do cenário pós-Lava Jato – o contato forte com a militância, vereadores e prefeitos se torna ainda mais fundamental para alicerçar as campanhas do ano que vem, o que exige a presença constante.

“Sempre que estou na Região Metropolitana de BH eu percorro as cidades quase diariamente. Estou sempre procurando encontrar com prefeito, deputado, lideranças sociais”, diz Laudívio Carvalho (SD), que este mês já esteve em vários municípios do Norte de Minas, como Botumurim, Pirapora e Buritizeiros. “Às vezes, eu faço três cidades no dia. Eu mesmo dirijo. Mas não é ritmo de campanha”.

Reginaldo Lopes (PT), que na próxima semana fará visita a cerca de 20 cidades no Jequitinhonha, também afirma que não está em pré-campanha e reforça que tem feito seminários para debater os projetos de lei que propõe mesmo fora do recesso.

“Na política tem faltado ideias. Tenho pegado, por exemplo, muitos projetos dos governos Dilma e Lula que não chegaram a virar política pública, levado para discussão nos seminários com a comunidade, e os transformo em projetos de lei”, esclarece.

 

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