Redação do Enem com receita de Miojo leva nota média

Agência Estado
19/03/2013 às 18:36.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:02
 (Facebook)

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O Enem 2012 já passou, mas não sem causar polêmica. Na última edição do exame, um candidato escreveu na redação como preparar um macarrão instantâneo no meio do texto, que deveria atender ao tema "Movimento imigratório para o Brasil no século 21". O estudante recebeu a nota 560, de um total de 1.000 pontos. As informações são do jornal O Globo desta terça-feira (19).

Nos dois primeiros parágrafos, o vestibulando até chega a tratar do tema. No trecho seguinte, no entanto, o candidato começa a escrever sobre o Miojo. "Para não ficar muito cansativo, vou agora ensinar a fazer um belo miojo, ferva trezentos ml’s de água em uma panela, quando estiver fervendo, coloque o miojo, espere cozinhar por três minutos, retire o miojo do fogão, misture bem e sirva" (sic). No parágrafo final, o aluno retorna ao tema proposto. Das 24 linhas escritas, quatro são dedicadas à receita.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a presença da receita foi detectada pelos corretores e considerada "inoportuna" e "inadequada", o que provocou uma "forte penalização" ao autor do texto.

O Ministério afirma que as competências mais prejudicadas foram as de número 3 e 5, que, entre outras coisas, mediam o poder que o candidato tinha para selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista e também elaborar uma proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos e considerando a diversidade sociocultural. Cada uma das cinco competências avaliadas pelo MEC possui a pontuação máxima de 200 pontos. Nas citadas, o candidato obteve 100 e 40 pontos, respectivamente.

O MEC diz ainda que, em sua totalidade, o candidato não fugiu ao tema e não feriu os direitos humanos. Segundo a pasta, é preciso considerar que a análise de texto é feita sobre o todo, com foco no conjunto do texto, e não em cada uma de suas partes.

Para Rogério Chociay, professor aposentado do Departamento de Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e especialista em redação de vestibular, a análise do conjunto foi justamente o que faltou para que o texto fosse mais penalizado. "No momento em que o estudante opta por inserir a receita no meio do seu texto, ele quebra o processo argumentativo e o princípio da dissertação e não configura um texto como um todo", diz. Segundo o professor, se o mesmo ocorresse nos vestibulares das principais universidades públicas no país, o aluno teria seu texto severamente punido ou então reprovado.
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