Regional Pampulha pode estar a um fio de fusão com a Norte

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
20/02/2017 às 19:21.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:38

A reforma administrativa estudada pela Prefeitura de Belo Horizonte pode levar à extinção da regional Pampulha. Este é o temor de parte dos vereadores e até de lideranças comunitárias da capital. A proposta, segundo eles, é a de que a regional Norte assuma a gestão da unidade. A justificativa: a população da Pampulha, de cerca de 250 mil pessoas, seria pequena para contar com uma estrutura administrativa exclusiva.

“Uma sinalização de que a fusão poderá ocorrer é que as nomeações para um mesmo cargo de gerência, que vêm sendo publicadas no Diário Oficial do Município, não têm ocorrido para as duas regionais”, aponta o vereador Wendel Mesquita (PSB), que é contrário à medida. No último sábado, por exemplo, diz, foram nomeadas gerências de fiscalização, educação e saúde para todas as regionais, exceto a Pampulha.

Diferenças

A regional Pampulha tem área de 51 km², com 41 bairros e 16 vilas, com perfil populacional variado, incluindo bolsões de classe média alta e classe alta. Já a Norte, com área de 45 km² dividida em 45 bairros e vilas, tem a maior área de conjuntos habitacionais para baixa renda da cidade, de acordo com informações da PBH.

A preocupação dos vereadores é que as características socioeconômicas distintas da Pampulha e da regional Norte, bem como a grande extensão territorial da eventual área fundida, possam prejudicar a gestão. Além disso, apontam a peculiaridade que envolve o cuidado do entorno da Lagoa da Pampulha, recentemente declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

“Já conversamos com os vereadores da regional Norte e vamos trabalhar contra isso. Reduzir custos é importante, mas não pode ser sem critério. As regionais existem para atender a população onde ela mora. Não é só cortar as despesas. São duas regionais muito diferentes”, afirma o vereador Dr. Nilton Rodrigues (Pros).

Wendel contemporiza. “Falei com o prefeito Alexandre Kalil que a medida pode trazer uma revolta muito grande das lideranças locais. Mais de 20 líderes da Pampulha já me ligaram reclamando”, diz.

Procurada, a assessoria de comunicação da prefeitura afirma que a informação sobre o fim da regional Pampulha é uma “especulação” e que ainda não há nada oficial.

“Já conversamos com os vereadores da regional Norte e vamos trabalhar contra isso. Reduzir custos é importante, mas não pode ser sem critério. As regionais existem para atender a população onde ela mora. Não é só cortar as despesas. São duas regionais muito diferentes”Dr. Nilton RodriguesVereador (Pros)

 Tensão

Ontem, vereadores questionavam a carência de informações sobre a proposta da reforma administrativa. “A prefeitura não conversou conosco, com os cinco da Frente de Esquerda”, diz Pedro Patrus (PT). O lamento é compartilhado por Dr. Nilton(Pros), que faz parte do chamado “grupo dos 15”, que agrega vereadores que, após a posse, colocaram-se como base de Kalil, mas têm nutrido insatisfação com a condução da articulação política.

Até o fim da semana, o “grupo dos 15” e o grupo que deu suporte à eleição do presidente da Casa, Henrique Braga (PSDB), devem se reunir para debater a relação com a prefeitura. Cerca de dez vereadores da base de Braga já teriam aceitado conversar com “os 15”.

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