Reitor e reitora da UFMG são alvos de condução coercitiva pela PF por desvio de verbas em Memorial

Fábio Corrêa
fcaraujo@hojeemdia.com.br
06/12/2017 às 15:02.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:05
 (Pedro Gontijo/Hoje em Dia)

(Pedro Gontijo/Hoje em Dia)

O reitor e a vice-reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jaime Arturo Ramirez e Sandra Goulart Almeida, foram conduzidos coercitivamente, na manhã desta quarta-feira (6), para a sede da Polícia Federal (PF) em Belo Horizonte, no bairro Gutierrez. Os dois foram levados no âmbito da operação Esperança Equilibrista, que investiga desvios da ordem de R$ 4 milhões nas obras do Museu de Anistia Política. 

Além de Jamie e Sandra, outras seis pessoas foram alvo de condução coercitiva, entre elas o presidente da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa (Fundep), Alfredo Gontijo de Oliveira e o ex-presidente da fundação José Nagib Cotrim. Também foram alvos as ex-vice-reitoras Rocksane de Carvalho Norton e Heloisa Gurgel Starling, a ex-secretária de Cultura do Estado Eleonora Santa Rosa e as ex-funcionárias da Fundeb, Sandra Regina de Lima e Silvana Coser.

A PF chegou a pedir a prisão temporária do ex-diretor do Departamento de Logística de Suprimentos e de Serviços Operacionais (DLO) da UFMG, Antônio de Assis. O pedido, porém, foi indeferido pela juíza federal substituta Raquel Vasconcelos, da 9ª Vara Criminal.

Além das conduções coercitivas, a operação Esperança Equilibrista (uma referência a um trecho da música “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, considerada o “hino dos anistiados”), cumpriu 11 mandados de busca e apreensão. Ao todo participam da ação 84 policiais federais, 15 Auditores da Controladoria Geral da União (CGU) e dois do Tribunal de Contas da União (TCU). Desde o início das investigações, a ação conta com o apoio da CGU e do TCU.

Segundo apurado durante o inquérito da PF, até o momento, teriam sido gastos mais de R$ 19 milhões na construção e pesquisas de conteúdo para a exposição. Porém, o único produto aparente da obra é um dos prédios anexos, ainda inacabado. 

Do total repassado à UFMG, quase R$ 4 milhões teriam sido desviados por meio de fraudes em pagamentos feitos pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), contratada para pesquisas de conteúdo e produção de material para a exposição. Os desvios até agora identificados pela investigação teriam acontecido em pagamentos a fornecedores sem relação com com o projeto e de bolsas de estágio e de extensão.

Idealizado em 2008, o projeto do Memorial tem como objetivo a preservação e a difusão da memória política dos períodos de repressão, contemplados pela atuação da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça, a partir da reforma do “Coleginho”, no bairro Santo Antônio, região Centro-Sul de Belo Horizonte, onde seria instalada uma exposição de longa duração com obras e materiais históricos, além da construção de dois prédios anexos e uma praça de convivência.

Segundo a Polícia Federal, o montante desviado pelo esquema fraudulento deve aumentar até a conclusão do inquérito, após as análises dos materiais apreendidos e interrogatórios dos envolvidos.

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