Está cada vez menos vantajoso encher o tanque com etanol em Belo Horizonte. Na primeira semana deste ano, o litro do combustível teve alta média de R$ 0,08 nos postos da capital mineira, de acordo com pesquisa realizada pelo Mercado Mineiro e, no comparativo com a gasolina, o preço alcança 78%, em média.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) aponta que há paridade entre os dois quando a relação entre eles é de 70%, ou seja, quando o etanol custa 70% do valor da gasolina.
Para um motorista que enche o tanque com 45 litros toda semana, o aumento dos custos pode chegar a R$ 173 anuais.
O ajuste no preço de quase 3% é consequência direta do fim da isenção dos impostos federais PIS/Cofins sobre o combustível derivado da cana de açúcar, no último dia 31 de dezembro.
Com a retirada da isenção, as distribuidoras devem recolher R$ 0,12 por litro de etanol para PIS/Cofins, mas decidiram não repassar integralmente o valor para o consumidor.
Sem repasse total
Na opinião do secretário-executivo da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Ferreira Campos Filho, o aumento não foi repassado por completo por escolha das distribuidoras.
“O mercado está muito ruim, por causa da crise financeira. As ruas de Belo Horizonte estão vazias. Então, isso é coisa do mercado”, avalia o secretário-executivo.
A origem
A lei federal 12.859 de 2013 concedeu aos importadores e produtores de álcool um crédito para abatimento de valores durante a comercialização, e tinha data para terminar.
No entanto, representantes do setor tentaram a prorrogação da isenção, mas o governo federal não atendeu ao pedido. Atualmente, o setor está na entressafra da cana de açúcar, e a situação deve se manter pelo menos até abril, quando começa a colheita.
“Até o final de março a tendência é a de que o etanol fique em um patamar mais baixo e, por isso, sem paridade com a gasolina”, explica Mário Ferreira.
Para o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Bráulio Chaves, o aumento da carga tributária é sempre muito “traumático” no mercado de combustíveis.
“Isso eleva o preço final do produto ao consumidor, que acaba perdendo poder de compra”, aponta o diretor.
Ele confirma que o aumento das distribuidoras foi integralmente repassado para as bombas nos postos de combustíveis.
Preferências
A possibilidade de escolher entre álcool e gasolina ajuda o consumidor a economizar na hora de abastecer o carro.
O taxista Euler Leite da Cunha, 51 anos, afirma que só enchia o tanque com etanol, mas neste ano passou a utilizar somente a gasolina.
“O álcool não está mais compensando, então eu mudei. Mas quando eu for viajar, pegar estrada, vou usar o álcool, porque na estrada rende mais”, afirma.
Já a estudante de engenharia civil, Nayara do Valle, 27 anos, afirma que só utiliza o álcool. “Como é mais barato, é um desembolso menor quando vou abastecer. Além disso, o carro tem um desempenho melhor”, avalia.