A Lei Seca acelerou o que já era tendência e uma série de novos centros de comércio e serviços estão surgindo nos bairros de Belo Horizonte.

O fenômeno acontece em várias regiões, mas Buritis, Grajaú e Calafate são exemplares. Neles, algumas áreas que até pouco tempo não abrigavam vida econômica, estão explodindo em investimentos e abertura de novos negócios, voltados basicamente para o atendimento da demanda local.

Quem mora na região da avenida Silva Lobo, que corta os bairros Grajaú e Calafate, na região Oeste, precisa andar pouco para encontrar uma ampla gama de atrações gastronômicas.

A via, repleta de bares comumente frequentados pelos universitários, ganha casas com ares mais sofisticados, atendendo a todos os gostos e bolsos. Os empresários comemoram o sucesso nas vendas e muitos já pensam em expandir o negócio.Cristiano Machado/Hoje em Dia / N/A

Sucesso no Mercado Central, Casa Cheia abriu filial na avenida Silva Lobo

É o caso da Pomodori, franquia de pizzas em fatia instalada na avenida há cerca de um ano e meio. “Em quatro meses não vamos conseguir atender ao delivery. Estamos construindo uma cozinha especialmente para este fim”, afirma o empresário, que vende 700 pizzas por semana. Além das fatias de pizza, João Paulo aposta nas cervejas artesanais e importadas.

“As pessoas que vêm aqui são, na maioria, casais de meia idade e jovens. É um público mais família. Vêm muitas pessoas de alto poder aquisitivo e isso me impressionou bastante”, comenta João Paulo.

A veterinária Lucélia Coimbra mora próximo à Silva Lobo. “Acho ótimo ter que me deslocar pouco para comer bem. Antes, por exemplo, ia ao Pomodori da Savassi, agora só vou perto de casa”, diz.

Direto do mercado

Na mesma região, foi inaugurada, há apenas quatro meses, uma filial do Casa Cheia, tradicional restaurante do Mercado Central. Com o mesmo cardápio da matriz, o restaurante recebe cerca de mil pessoas semanalmente.

Segundo o proprietário, Gustavo Henrique, a previsão é a de que haja aumento do público no curto prazo.

Para escolher a Silva Lobo, ele fez uma extensa pesquisa de mercado. O diagnóstico apontou, ainda, que a expansão imobiliária do entorno da Silva Lobo contribuirá para o movimento no Casa Cheia.

Diversidade

O empresário Brenner Reis é a prova de que na avenida há espaço para todos os públicos. Dono do Rei do Açaí há cinco anos, ele inaugurou há um mês a Buffalo Hamburgueria Gourmet.

O investimento, não informado, se pagará em um ano e meio, segundo o empresário, que vende cerca de 100 hambúrgueres por dia.

Ao apostar nos negócios, ele foca em dois nichos. No Rei do Açaí, Brenner vende hambúrguer de trailer e creme de fruta principalmente para clientes da classe C e D.

Na Buffalo, foca nas classes A e B. “Em uma casa, o tíquete médio é baixo, mas ganho no volume. Na outra, vendo em menor quantidade, mas o tíquete é maior. O público aumenta cada dia mais”.

E os jovens, que eram a cara da avenida no começo, não perderam espaço. Pelo contrário. No Careca Espetinhos eles são maioria e chegam a ocupar parte da Silva Lobo em dias de maior movimentação.Cristiano Machado/Hoje em Dia / N/A

Após a rentabilidade do oriental J-Sun, Lucas Lacerda resolveu abrir mais uma casa, o J-Pub, ambos no Buritis

Novo point gastronômico surge na divisa dos bairros Buritis e Palmeiras, na região Oeste

Ao longo de um quarteirão da Aggeo Pio Sobrinho, na divisa do Buritis com Palmeiras, cerca de dez bares e restaurantes localizados lado a lado abrem as portas, diariamente, para receber os cliente.

De casas que oferecem comida internacional ao bom e velho espetinho, é possível encontrar um pouco de tudo no novo point que surge na região Oeste.

Os estabelecimentos estão instalados em um largo calçadão, em uma área repleta de prédios, muitos novos, ainda inabitados.

Experiente em corredores gastronômicos, o proprietário do Espetáculo, caso de espetos, Mauro Henrique Gonçalves, fez uma pesquisa detalhada antes de abrir uma casa no Buritis.

De acordo com ele, em 2013 cerca de 90 mil pessoas moravam perto do calçadão. Para 2017, a previsão é a de que este número salte para 120 mil.

“Estamos sempre cheios, mas vai aumentar. O ponto de maturação será a partir de 2017”, diz Mauro. Ele possui uma casa na avenida Alberto Cintra, outro reduto boêmio no bairro União, e está negociando duas franquias com a marca Espetáculo.

“Além do espetinho tradicional, apostamos nos gourmet, que têm grande aceitação”, afirma.

Para todos os gostos

Quem prefere uma comida mais elaborada tem, ali ao lado, um restaurante alemão e um japonês.

Lucas Lacerda, proprietário do J-Sun, inspirado em pratos asiáticos, foi um dos primeiros a chegar ao calçadão. “Nosso foco era o pessoal do bairro, mas vem gente de toda a região”, diz o empresário.

Ele ressalta que a geografia do local agrada bastante ao público. “É uma calçada larga, cheia de mesas ao ar livre, em um local plano, do jeito que o mineiro gosta”, comenta Lucas.

O restaurante japonês deu tão certo que o empresário decidiu apostar em um pub: o J-Pub.

No local, a partir das quartas-feiras são realizados shows. Em dias de jogos, há rodadas duplas de chope ou open bar. Dá certo. “A casa fica lotada. Aqui não tem crise”, comemora.

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