Com tempo de campanha reduzido, ainda sem material preparado e tendo dificuldades para arrecadar fundos, os candidatos à Prefeitura de Belo Hor izonte abriram a corrida eleitoral com foco nos problemas sociais e no corpo-a-corpo na periferia.

O discurso dos candidatos, neste início de caminhada, teve por objetivo atingir os eleitores de renda menor. Dos quatro postulantes com maior tempo de televisão, três optaram por elencar propostas para a saúde e projetos sociais. Mas nenhum deles detalhou como e qual o orçamento previsto para tirar as propostas do papel. Ontem, começou a campanha para a escolha de prefeitos e vereadores em todo o Brasil.

A política precisa funcionar bem para as pessoas que mais precisam. E as pessoas que mais precisam estão nas vilas, favelas e aglomerados de Belo Horizonte”, disse o candidato Rodrigo Pacheco (PMDB) ao abrir a agenda de campanha em uma visita a lideranças comunitárias no bairro Jardim Vitória, Região Nordeste da capital. Pacheco irá apostar nos conceitos que criou de “cidade 24 horas” e “prefeitura integrada” como as bases da campanha. “O conceito de prefeitura 24 horas é a presença da prefeitura 24 horas na vida do cidadão, com o uso das tecnologias que nós temos hoje disponíveis para garantir que ele tenha informações sobre os serviços, onde as coisas estão abertas, como estão funcionando”, afirmou.

Ele disse que não há o interesse de que os serviços funcionem 24 horas por dia, mas que em algumas áreas, como saúde, é preciso investir para que os postos possam, progressivamente, serem abertos aos sábados e domingos.
Quanto à dificuldade financeira para se implementar as mudanças, o candidato garantiu que a proximidade partidária com o presidente interino Michel Temer (PMDB) será seu trunfo para assegurar recursos para a capital.

Já João Leite, postulante ao cargo pelo PSDB, informou que o plano de governo a ser desenvolvido irá reconhecer Belo Horizonte como a cidade formadora em especialistas, mestres e doutores na saúde. “Estamos muito preocupados com a situação dos doentes, dos hipertensos e obesos. São eles que se tornam clientes rapidamente da Santa Casa”, disse o candidato ao visitar a Santa Casa, que atende somente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme o provedor da instituição, Saulo Coelho, há um déficit anual de R$14 milhões para financiamento da maternidade e especialidades médicas.

De acordo com João Leite, será feito um trabalho de prevenção e individua-lização do atendimento dos pacientes para internação e cirurgia. A intenção, conforme o candidato, é a de que a população use a instituição somente em casos em que a prevenção não consiga resolver.

Recursos

Reginaldo Lopes (PT) almoçou no restaurante popular do bairro Santa Efigênia.</CW> Ele prometeu uma campanha sem ostentação, com pouco dinheiro e muito corpo-a-corpo. Disse que vai gastar R$ 1,5 milhão quando o teto estipulado pela Justiça Eleitoral é de R$ 26,6 milhões.
“Meu programa de governo é reduzir os gastos desnecessários, romper com o antigo modelo do sistema eleitoral e lutar pela democracia”, afirmou o candidato.

Eros Biondini (Pros) não está entre aqueles com maior tempo no horário eleitoral gratuito, grande aposta dos candidatos, mas também optou por começar a campanha pedindo voto em uma comunidade. Ele visitou a Pedreira Prado Lopes, na Região Noroeste de Belo Horizonte.

Délio aposta na cultura e candidatas no ‘fora Temer’

Com o segundo maior tempo garantido de propaganda eleitoral na televisão, Délio Malheiros (PSD) foi o único que iniciou a campanha com um encontro setorial. A aposta foi a cultura. O candidato reuniu-se com representantes da área, no Teatro da Cidade, no início da tarde de ontem. “Nós queremos ter uma série de reuniões com o pessoal da cultura, que é extremamente importante para Belo Horizonte. A cidade se destaca hoje no cenário nacional e internacional no movimento cultural”, afirmou o candidato.

Nesse início oficial da campanha, Malheiros seguiu o mesmo tom de continuidade da administração, que adotou desde que conseguiu o apoio do prefeito Marcio Lacerda (PSB). Até a principal proposta apresentada para a área cultural é compatível com o programa do prefeito: a alteração na Lei Municipal de Cultura. A proposta já está na Câmara Municipal de Belo Horizonte e promove mudanças na aplicação do Fundo Municipal de Cultura e Incentivo Fiscal. O projeto cria, por exemplo, linhas de apoio a ações artísticas de médio e longo prazo. “Queremos dar continuidade aos bons projetos de cultura”, prometeu.

Malheiros admite haver necessidade de aprimoramento. “Não podemos achar que está tudo pronto. Precisamos avançar em várias áreas”, disse sem especificar quais. Segundo ele, a experiência como advogado do Procon o gabarita para entender os anseios da população.

Acertos

O candidato Luis Tibé (PTdoB) participou do lançamento oficial da campanha à Prefeitura de Belo Horizonte, no comitê central, no Santa Lúcia. Na ocasião, ele se reuniu com os presidente dos partidos da coligação “A BH que a gente quer”, PRP, PSL, PPL, PTC, PEN, PMB e SD.
[Já o deputado Marcelo Antônio Álvaro (PR) cumpriu agenda em Brasília. Para ele, a caminhada oficial começa hoje.
Alexandre Kalil (PHS) abriu a disputa com um encontro com a direção da Ordem dos Advogados do Brasil seção Minas Gerais.

Protesto

Embora em chapas diferentes, as candidatas de esquerda Maria da Consolação (PSOL) e Vanessa Portugal (PSTU) estiveram no mesmo evento no primeiro dia de campanha. Ambas contrárias às reformas do governo interino de Michel Temer (PMDB) e ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), elas marcaram presença no ato “fora Temer” realizado na Praça Afonso Arinos, no final da tarde de ontem.

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