'Sempre fui um intruso no meio da música', afirma Beto Guedes

Estadão Conteúdo
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18/02/2017 às 10:18.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:35
 (Cristiano Quintino/Divulgação)

(Cristiano Quintino/Divulgação)

O cantor e compositor mineiro Beto Guedes, 65, fica muito aborrecido quando dizem que ele não gosta de falar com a imprensa. "Isso virou uma coisa folclórica em relação a mim. Não tem um artista no mundo que não queira divulgar seu trabalho, imagina recusar fazer isso", contesta ele, do outro lado da linha, nesta entrevista exclusiva ao jornal "O Estado de S. Paulo".

O que sempre se recusou em fazer, segundo ele, foi se submeter ao ritmo massacrante de divulgação de um trabalho. "Quando eu estava na (gravadora) Sony, eles obrigavam o artista a entrar em um processo louco, uma coisa massacrante. Eles te colocavam ali das 10h às 20h, sentado numa sala atendendo a imprensa por telefone, com um pequeno intervalo para almoçar. Eu ficava respondendo as mesmas perguntas para 40, 50 jornalistas, não tem santo que aguente. Teve um dia que fiquei de saco cheio e disse que não ia mais atender ninguém e fui embora", explica.

O seu último disco, lançado em 2010, foi Outros Clássicos, músicas que já tinham entrado em outros álbuns, repertório do lado B de sua carreira, escolhidas por internautas. Mas por que não gravou um novo trabalho com músicas inéditas?

"Hoje, está tudo meio complicado para lançar um disco. Estou sem gravadora e o mercado ficou difícil. Mas estou pensando em fazer alguma coisa, quem sabe filmar músicas inéditas que tenho", planeja.

O artista também acha que não vale a pena lançar um disco de forma independente. "Gravar é uma coisa muito cansativa, não é fácil, é como um parto, muito doloroso, ainda mais sendo um com músicas inéditas. Ficar com ele na prateleira de sua casa, prefiro não fazer", afirma, categórico.

Mesmo no auge de sua carreira, entre o lançamento do disco A Página do Relâmpago Elétrico, em 1977, e Alma de Borracha, em 1986, o artista quase nunca saiu de Belo Horizonte para se dedicar mais à carreira. "Eu era um cara que não estava nem aí para nada. Fazia o que achava que era bom para mim, e nunca abri mão do bom gosto. Sempre me senti um intruso no meio da música", diz sem parecer guardar arrependimentos.

Ele, que se apresenta neste sábado, 18, e domingo, 19, no Sesc Pinheiros (ingressos esgotados), cantando seus grandes clássicos, entre eles Sol de Primavera e Amor de Índio, nega que o excesso de consumo de álcool e cigarro tenha prejudicado sua voz. "Isso é balela. Ás vezes, atrapalhou um show ou outro. Eu não sou aquele cara que parou a carreira por causa de problemas com álcool ou drogas, como Tim Maia. Nunca mexi com drogas na minha vida, nem maconha, nem cocaína. Experimentei uma vez e não gostei. As pessoas acham que sou um maior cheirador de pó, o que não é verdade. Mas, fazer o quê", desabafa.

Em relação ao álcool, ele diz que parou com sua cota de whisky, mas continua bebendo cerveja. "Bebo umas quatro latinhas antes de fazer um show". E qual o balanço que faz da sua carreira? "Tenho orgulho do que fiz, do que realizei como artista, mas minha carreira é incompatível com o patrimônio material que tenho", confessa, dizendo ainda que gostaria de poder comprar um jatinho.

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